Pesquisar este blog

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

A TORRE DO RELÓGIO



Coisas curiosas acontecem em viagens por todo o mundo, algumas (ou muitas delas) protagonizadas por nós mesmos: os viajantes.
Em diversos lugares do mundo existem lendas ligadas a alguns objetos, estátuas, fontes, castelos, e em cada um deles podemos participar ou apenas observar as pessoas interagindo com tradições e a própria cultura nelas apresentadas.
Por exemplo, na Fontana di Trevi, em Roma, os turistas jogam uma ou mais moedas e fazem seus pedidos, não sabendo muitas vezes o porquê deste ato. Pode ser por orientação dos guias de turismo, de amigos ou simplesmente por ouvir que é essa a tradição.
O mito da Fontana di Trevi, para quem não sabe, nasceu com o filme “A Fonte dos Desejos” de 1954, no qual se dizia que se você jogasse uma moeda, voltaria a Roma; se jogasse duas moedas, encontraria o amor com uma bela italiana (ou italiano); e se jogasse três moedas, se casaria com a pessoa que conheceu. Ah! Mas para que isso funcionasse era recomendável jogar a moeda com a mão direita sobre o ombro esquerdo. Nem preciso dizer que os outros desejos almejados pelos mais variados turistas desavisados, devem ser solenemente ignorados pela fonte por não fazerem parte daqueles listados na lenda. No entanto, alheio aos desejos dos outros, os cofres da prefeitura são “turbinados” todos os anos com cerca de um milhão de euros, arrecadados diretamente do fundo do poço, digo da fonte.
Assim como existem atrativos curiosos “pagos”, ou seja, que se paga para receber algum benefício seja ele especial ou espiritual, existem aqueles que não se paga nada, é “free”!
Em Praga, por exemplo, existe o famoso relógio astronômico (Pražský orloj, em tcheco), impregnado de história por todos os seus tijolos, e que não demanda dos turistas nada além de seu tempo e olhar.
O medieval relógio foi construído em 1410 pelo mestre relojoeiro Hanus e aperfeiçoado por Jan Taborsky no século XVI. Diz a lenda que, para que Hanus não repetisse sua obra, os vereadores o deixaram cego.
O antigo relógio foi reparado várias vezes ao longo dos anos e a cada reparo uma nova atração foi acrescentada. Em 1940, foram acrescentados o calendário e as esculturas góticas, no século XVII, as estátuas móveis e em 1966 as estátuas dos apóstolos.
O relógio é dividido em duas grandes esferas, a primeira, na parte de cima, é onde fica o relógio propriamente dito, e nela são mostrados a posição do sol e da lua, das horas babilônicas, da antiga hora tcheca e da hora civil. Ao lado desta primeira esfera podem ser vistos outros quatro personagens: o Turco, a Avareza, a Vaidade e a Morte.
Na segunda esfera, mais abaixo, é onde fica estampado o brasão da cidade e em volta estão os signos do zodíaco. Na parte mais externa, os meses do ano são representados em pinturas acompanhados por uma escultura do Arcanjo Miguel, à esquerda e por um cronista e um astrônomo, à direita.
A cada hora, centenas de pessoas param na praça e apontam suas câmeras e celulares para o tal relógio. São minutos que geram uma grande expectativa e uma aglomeração ordenada de pessoas. Tudo por alguns segundos após o badalar de um sino. Aos poucos cada um dos doze apóstolos vai surgindo no alto do relógio, cada um na sua vez para completar o ciclo da hora. Só isso! As pessoas se olham, umas maravilhadas outras decepcionadas, e sem se perguntarem nada, seguem apatetadas para outro atrativo.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

NEM TUDO QUE PARECE, REALMENTE É!



Estive pensando a respeito de como os gestores da cidade de Torres a veem.
Cheguei à conclusão que eles não a enxergam.
Peço aos que me leem fazer um passeio pela cidade. Mas fazer este passeio com a visão de um turista recém-chegado e que nunca visitou a cidade. Quero também que a vejam com um olhar isento de cor partidária.
Vamos pular a entrada da cidade, vou comentar isso em outra coluna.
Então, ao chegar na praça XV de novembro, na subida rumo ao mar temos uma rua mal cuidada, parcialmente esburacada que nos leva até a orla. Chegando na praça da prainha, um horror! Dois ou três tipos de bancos, um pior que o outro. Tortos ou caindo aos pedaços, esses bancos decoram uma praça sem a menor infraestrutura, manutenção ou zelo.
O calçadão da beira mar está com alguns buracos já há anos e, assim como a praça, permanece com bancos de tipos diferentes e sem manutenção.
Agregado a paisagem, o novo letreiro (atrativo fotográfico) já carece de manutenção, tanto nas letras como em seu entorno. As novas lixeiras, nem sacos de lixo elas recebem durante a baixa estação.
O que se vê não é muito agradável aos olhos, nem tampouco ao olfato. Por algum motivo, os usuários do local utilizam a “coisa” da Corsan para aliviar suas bexigas.
E por aí vai. Quem se aventurar e descer até o antigo Bar do abrigo, encontrará um lugar abandonado. Em pleno “filé” da praia grande repousa, no melhor local e vista, um símbolo ao descaso com o patrimônio histórico da cidade. O velho abrigo “reformado” algumas vezes, sofre com remendos de baixa qualidade e abandono por parte dos gestores ao longo dos anos.
Um pouco mais adiante outro exemplo da inexistência de uma gestão ou preocupação com o patrimônio histórico da cidade. A guarita salva-vidas ou Torreão do salva-vidas agoniza durante várias administrações. Nunca recebeu um olhar mais atento. O que lhe sobra é apenas um ‘cercadinho’, uma gambiarra feita com grades para impedir que algum turista desavisado o suba ou passe por baixo. O perigo é real, suas ferragens já estão à mostra e pedaços de concreto já caíram e podem cair a qualquer momento.
Tudo isso decora um calçadão com pouca manutenção e que ainda carrega três tipos de pavimento. Mas nem tudo está perdido. Foram colocadas lixeiras novas, foi restaurada a iluminação no calçadão e implantada no caminho da santinha. O corte e a limpeza são realizados com certa regularidade. Infelizmente é só isso de bom!
Existem alguns projetos sendo aplicados na cidade, como os canteiros centrais da avenida Barão do Rio Branco. Este projeto, em especial, reflete o pouco compromisso com o futuro da cidade por parte dos gestores.
Vou explicar melhor.
Sei que é um belo projeto e que está sendo executado até com uma certa rapidez. Porém, ele não é um projeto para o futuro, é um projeto para o passado. Esclareço. Este seria ideal para a cidade como ela era há pelo menos 20 anos. Hoje ela precisaria de algo bem mais moderno e direcionado para os próximos 20, 30 ou 40 anos.
Não parece haver um plano para mobilidade urbana neste projeto, nem mesmo um modelo para facilitar o fluxo de carros ou pessoas na área central da cidade. Nem os antigos postes de madeira foram totalmente trocados ou retirados. Torres se prepara para o passado onde os fios e postes continuam a nos puxar para o início do século XX.
Enfim, não estamos fazendo planos, estamos executando os planos feitos ou pensados pelos administradores do passado, da era Picoral, Severiano ou Pacheco.
Sem visão de futuro estamos fadados a sempre reagir, nunca a proagir!