Pesquisar este blog

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

NA CALADA DA NOITE

Muito se falou e ainda se fala em Torres sobre algumas assombrações ou lugares mal-assombrados. Eu sempre gostei destas histórias, desde guri, mas confesso não ser tão corajoso assim para comprová-las ao vivo.
Um fato novo me chamou a atenção um dia destes. Todas as quintas, à noite, faço parte de um grupo que apresenta o Roteiro Turístico Histórico/Cultural Voo da Urucuera no Centro Municipal de Cultura, e uma destas noites, enquanto montava o computador e o projetor, aconteceu algo estranho. Liguei o computador e estava testando o material visual. Tudo certo. A projeção estava aparecendo na tela e estava tudo ok. Volto meu olhar para o computador e troco de lâmina no PowerPoint olho para a tela onde estava sendo projetada e ela estava preta, ou seja, não aparecia nada e o projetor estava ligado. Depois de muito mexer no computador resolvi olhar se o cabo do projetor estava conectado ao computador. Para minha surpresa, não, ele não estava! Ora, mas como projetou na primeira vez? Bem, mas não foi só isso que aconteceu nesta noite, o microfone simplesmente parou de funcionar e voltou em seguida sem nenhuma intervenção nossa. Brincamos com a situação e apresentamos normalmente o Roteiro.
Mais tarde, ao sair, indaguei com o vigia perguntando se ele já tinha visto alguma “manifestação” durante as noites de trabalho. Ele, então, afirmou que nunca viu nem ouviu nada de diferente desde que começou a trabalhar no centro de cultura. Apenas tinha ouvido falar sobre a mulher de branco que foi vista quando ainda funcionava um cinema no local e o já conhecido senhor de chápeu.
O historiador e meu amigo Jaime Batista já tinha me falado sobre um caso que aconteceu com uma oficineira. Ele contou que ela andava pelo corredor do Centro Municipal de Cultura com seu filho e um senhor a interpelou e perguntou onde ficava o banheiro. Ela indicou o local para ele e seu filho olhou para ela e perguntou com quem ela estava falando, pois ele não viu ninguém.
Dizem que é o Alfredinho, um senhor de chapéu (boné) e muito bem vestido e com um jornal embaixo do braço e que já foi visto por diversas pessoas. Ele foi síndico do edifício da SAPT, e pelo jeito continua por lá.
Como bom curioso fui atrás de mais informações sobre os causos sobre as aparições no centro de cultura.
Por acaso encontrei na internet um vídeo de caçadores de fantasmas tupiniquim. Nem sabia que tínhamos isso por aqui. E para minha surpresa eles já estiveram aqui em Torres e sabem onde? No Centro Municipal de Cultura! E quem eles encontraram? Sim, o seu Alfredinho!

Um prato cheio que vou ter que comer pelas beiradas e contar também em partes. Por ser um assunto bastante instigante e com muitas informações uma coluna só não será suficiente. Então, até a próxima!

sábado, 26 de setembro de 2015

PEDALADA NOTURNA

O mundo hoje está pedalando e Torres já entrou também nesta “nova onda”, que não é tão nova assim. Existe um grupo de “pedaladores” que estão em plena atividade pelas ruas da cidade e até pelo interior.
Novidade são os passeios noturnos, as famosas pedaladas noturnas.
Claro que isso não foi inventado aqui em Torres, mas pedalar a beira dos rochedos ouvindo o mar ao fundo: só aqui! O que Saint-Hilaire fez no lombo de um cavalo, hoje o fazemos no lombo de uma “magrela” e iluminados por modernas lâmpadas de led. Paisagens antigas renovadas pela forma e não pelo conteúdo.
Várias cidades do mundo inteiro estão proporcionando aos turistas e moradores as bicicletas compartilhadas. Este serviço, ajuda no desafogo dos centros urbanos, além de ser saudável e econômico para todos, turistas ou não.
E não tem como falar em bicicleta e cidade turística sem lembrar de Amsterdã (400 km de ciclovias), a cidade da bicicleta. Em toda a Holanda existem pelo menos 20 mil quilômetros de ciclovias e trechos adaptados para um passeio seguro sobre duas rodas. Como a “magrela” é um meio de transporte para muita gente, há serviços de aluguel por toda a parte em hotéis e hostels, e as estações de trem dispõem de bicicletário.
Chegando um pouco mais perto, logo ali, em Porto Alegre, existe o sistema de aluguel de bicicletas compartilhadas que funciona há 3 anos e soma quase 157 mil pessoas cadastradas e mais de 70 mil delas utilizando o serviço com regularidade. O preço pelo serviço está entre R$ 5,00 a R$ 10,00 e quase 700 mil viagens foram realizadas desde a implantação do projeto. Atualmente, o sistema soma 40 estações e 400 bicicletas. Neste mês está encerrando o contrato com a atual prestadora do serviço, mas a prefeitura da capital prometeu dar continuidade ao serviço.
E aqui? Bem, já tivemos, há alguns anos, um serviço de aluguel de bicicletas com vários lugares, mas não sei por qual motivo, encerrou suas atividades. Atualmente, a Aguatá Turismo, uma agência de turismo local oferece este serviço e além disso promove passeios noturnos pela cidade e diurnos pelo interior do município em cima das “magrelas”.
Para encerrar este assunto, uma pergunta é necessária. Qual é a diferença entre pedalar no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo? E a resposta é: a quantidade e a qualidade das vias, ciclovias. Diferentemente do Brasil, alguns países já estão bem desenvolvidos em relação a ciclovias tendo maiores extensões como por exemplo a cidade de Nova York 675 km ou Berlim 750 km.
No Brasil, Brasília, se destaca com 440 km de ciclovias, seguido do Rio de Janeiro com 374 km; São Paulo, com 265,5 km; Curitiba, com 181 km; Fortaleza, com 116 km; Campo Grande, com 90 km; Teresina, com 75 km; Florianópolis, com 57 km. Porto Alegre aparece com míseros 21 km, menos da metade de Florianópolis, e Torres conta com cerca de 2 km de uma improvisada ciclovia a beira mar e outra, também com 2 km, em volta da lagoa do violão.
Claro que é covardia comparar com as outras capitais brasileiras ou do exterior, porém seria um grande diferencial para a cidade ter um bom número de ciclovias ligando pontos turísticos com o centro da cidade. Isso ajudaria a melhorar a mobilidade urbana e integraria ainda mais o turista e o morador local com a natureza.
Mas existe um diferencial maior: o respeito e a educação. Bastante lá fora e ainda imperceptível por aqui.

Enfim, andar de bicicleta não depende de idade cronológica, depende da idade mental. Em cima delas todos se sentem crianças, mesmo já tendo passado bastante da fase. Então, aproveite esta onda e venha pedalar!

TELEFONE FIXO

Tanta coisa que existe hoje, e sentimos falta, há 30 ou 40 anos só a ficção científica imaginaria. Internet, celular 4G, wi-fi, teleconferência são novidades da comunicação que não têm similares no passado.
Eu sou do tempo do telefone fixo. Sim, ele ainda existe, embora só nós com mais de quarenta, digo cinquenta, ou outro “enta” ainda o use. Pois é, telefone fixo já foi alta tecnologia num passado nem tão remoto assim.
No dia 27 de agosto participei do encontro “14º Conversando com a História” e lá estiveram os pioneiros da hotelaria de Torres. O senhor Mário Raupp e sua filha Clarissa Raupp, representando o Hotel A Furninha; o senhor João Souza, representando a gastronomia nos hotéis; O senhor Antônio Pozzi, representando o Hotel Farol; a senhora Lucila Munari Rezende, representando o Hotel Beira Mar; e o senhor Danilo Quartieiro, representando o Dunas Hotéis. Foi uma bela aula de história local, principalmente sobre a vocação da cidade: o turismo. E mais uma vez vi o descaso dos torrenses com sua história. Poucas pessoas participaram deste evento, uma pena. Os “hoteleiros” da cidade perderam uma grande oportunidade de aprender muita coisa com a experiência e o pioneirismo destes antigos hoteleiros.
Mas, voltando ao tema telefone fixo. Na conversa com a história alguém lembrou uma das histórias do Hotel Farol, em que um cliente pediu para um familiar ligar para o hotel e reservar um apartamento e ele, sem esperar, seguiu viagem. Na chegada em Torres, ficou sabendo não haver vaga no hotel e tampouco tinha alguma reserva em seu nome. Ou seja, ele chegou em Torres e sua ligação ainda não tinha sido completada. Não, não se trata de um carro muito rápido. Contam que naquele tempo se pedia uma ligação pela manhã e a atendente, chamada de telefonista, só retornava a ligação a noite, era um dia inteiro para conseguir fazer uma ligação.
Naquele tempo o telefone fixo não tinha a agilidade de hoje, não gravava recados (mais tarde apareceu um outro aparelho que se colocava junto com o telefone e este sim gravava os recados, que podiam ser ouvidos quando o dono voltasse para casa), não tinha bina, nem o monte de serviços agregados e cobrados do usuário atual. Sim, ele servia para se comunicar. Primeiro se falava com alguém do outro lado da linha para esta pessoa fazer a ligação. Após se aguardava para a telefonista ligar para você e aí sim “completar” a ligação. Com o tempo a discagem começou a ser direta, ou seja, você mesmo fazia a sua ligação, sem intermediação de ninguém!
Os hóspedes (turistas) de antigamente ficavam um mês no hotel e faziam estas reservas todos os anos. Os hotéis tinham famílias como clientes que sempre voltavam e isso garantia verões sempre com lotação máxima nos poucos hotéis que Torres oferecia. E a comunicação dos hóspedes com seus familiares em outros lugares era feita através do telefone fixo dos hotéis (os poucos que existiam). Ah! Não era todo mundo que tinha um. Isso demorou muito para acontecer.
Diferente de hoje, não!
Esta semana vi um esquete da turma do “Porta dos fundos”, onde vários amigos preocupados vão até a casa de um deles supostamente desaparecido: o Raul. Ao encontrá-lo em casa um dos amigos pergunta o que aconteceu, pois estava preocupado porque tinha enviado um e-mail há duas horas e não tinha recebido nenhuma resposta. O assustado Raul diz que tinha ficado longe do computador, lendo um livro. O amigo argumenta que tentou comunicar-se pelo Face, twitter, whatsapp, instagram, e nada. Raul diz que deixou o celular desligado. Quem é que deixa um celular desligado hoje em dia, argumentou outro amigo. E Raul tenta seu último argumento: Ninguém ligou para o telefone fixo. Todos espantados dizem: Quem é que hoje usa telefone fixo?

Excêntrico, é hoje só excêntrico!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

SPLIT NA PRAIA

Há alguns anos um colega comprou um ar condicionado para sua casa, entrando para a era do “Split”. Que legal, constatei. Porém, para minha surpresa ele comprou um modelo apenas frio, ou seja, para refrescar, não aquece. “Para quê quente e frio, só uso no frio mesmo”, disse ele. Não questionei, mas pensei: porque alguém compraria um ar condicionado para ser utilizado no máximo três meses por ano? Não sei se ele se arrependeu, não perguntei.
Faço a comparação da atitude do meu colega com os restaurantes de Torres. Cada vez que eu e minha família vamos a um restaurante da cidade enfrentamos um problema (tanto no inverno quanto no verão): o ar condicionado. Não fiz uma pesquisa, nem informalmente, para saber se mais pessoas sentem o mesmo desconforto. Esclarecendo: o ar condicionado no verão ou no inverno está ligado no frio! No verão no frio glacial e no inverno no frio perto do glacial. Será que estes donos de restaurantes compraram os “Splits” só frio como o meu colega? Quem sabe uma temperatura mais amena em todas as estações e principalmente no inverno, não seria mais confortável para os clientes e mais econômico para os proprietários? O que seria uma temperatura amena? Vinte, vinte e dois graus ou algo parecido. Para alguém almoçar ou jantar com conforto não pode passar frio nem calor demais.
Lá vem a comparação de Torres com o ideal de cidade turística - Quando você vai a Gramado no inverno, por exemplo, você quer entrar em um lugar que esteja “quentinho”, agradável, aconchegante. Lareira, aquecedor ou mesmo ar condicionado (no quente), o frio fica para o lado de fora fazendo parte do cenário e não como ator principal neste contexto. Os restaurantes trabalham com o serviço do tipo slow food (chego... pediu... esperou... conversou... comeu... conversou... bebeu... conversou mais um pouco... pediu a conta... esperou... pagou... saiu) tudo isso com muito conforto.
Aqui não. Aqui é praia tem que ser tudo com portas abertas entrando bastante vento e frio e o ar condicionado bem gelado para harmonizar com a rua. E os pinguins, digo clientes, tem que sair de casa com o máximo de agasalho, senão congelam.
Não quero acreditar que em uma Cidade Turística como Torres, os donos de restaurantes não estejam preparados para atender seus clientes na estação que eles vierem. Por exemplo, no verão ligar o ar condicionado no frio, porém com o intuito de refrescar e não “congelar o freguês”. Nas outras estações, vale a pena observar o clima interno e manter uma temperatura, como já disse, amena.
Pode ser que alguns restaurantes queiram atender do tipo fast food (chegou-pediu-pagou-comeu-saiu), resfriando o cliente até o ponto de ele desistir e sair para dar lugar ao próximo. Esta é uma boa artimanha, porém cara, e não acho que seja de propósito. Mas que é um despreparo, ah isso é!

Ah! Não, ainda não perguntei como meu colega se aquece no frio do inverno com o seu Split frio, mas posso perguntar para os donos dos restaurantes de Torres: E aí, vamos poder sair de casa no inverno, ou não?

sábado, 19 de setembro de 2015

O PRIMEIRO MARQUETEIRO

O primeiro marqueteiro de Torres foi um Zé que divulgava seu negócio através de panfletos. Mas não era um “zé qualquer” ou “zé ninguém”, tinha nome e sobrenome de peso: José Antônio Picoral. Foi ele que em 1915 empreendeu o seu Balneário Picoral e iniciou o turismo de sol e mar na pacata vila de Torres.
De suas viagens pela Europa, trouxe uma novidade: a divulgação através de folhetos. Picoral criou seus folhetos com criatividade e grau de detalhamento compatíveis com os padrões atuais. A logística utilizada foi muito bem executada, distribuiu seus folhetos na capital da província (Porto Alegre) e nas principais cidades do interior. A partir do folheto seu filho, o Zequinha, desenvolveu um filme que era apresentado antes das principais sessões de cinema da capital.
Marketing perfeito. Os famosos 4 P’s (muitas vezes desvirtuados por invencionistas para 6 ou 8 P’s) lá estavam: Produto, Preço, Praça e Promoção.
Para quem não está familiarizado com estes termos, eu explico. Como Promoção, Picoral utilizou os folhetos e o filme, além do boca a boca e propaganda em jornais da época. Como Praça (Distribuição), ele a determinou através da veiculação e distribuição, pois escolheu a Capital e as principais cidades do interior como domicílios do seu público alvo. O Produto era o próprio hotel e seus serviços. Balneário Picoral, um hotel modelo para a época, um resort dos dias de hoje. Possuía as três refeições incluídas na diária e até café da tarde, Chalés a beira mar, Salão de festas, barbearia, sorveteria, bar, lavanderia, enfim tudo que o hóspede necessitasse. E, claro, tudo isso direcionado para o hóspede classe A, seu público alvo. Quanto ao Preço, pelo que se sabe era compatível aos padrões do hotel e de seu público bem definido.
Lembro este pioneiro em marketing para falar sobre outras formas de promoção de vendas que vejo pela cidade de Torres na atualidade. São apenas dois exemplos que vou comentar esta semana: Os carros de som, guias comerciais e os panfletos.
Os carros de som são mídias invasivas e desconfortáveis aos ouvidos de todos, inclusive dos que a fazem. Em Torres, são vários carros (legalizados ou não) desfilando principalmente pelas avenidas comerciais e ensurdecendo compradores e lojistas (muitos deles com seus próprios anúncios).
Os guias comerciais não são invasivos, mas seus promotores sim. Diariamente aparece um nos comércios da cidade convidando a participar.
E, por fim, os panfletos. Estes entopem as portas comerciais e residenciais diariamente, além de estarem presentes como encarte nos jornais locais.
Os carros de som e os panfletos são mídias imediatistas e levam ao consumidor informações descartáveis, ou seja, a pessoa escuta ou vê e se não interessar descarta na hora. Hoje estas duas mídias têm mais desvantagens que vantagem, pois mais incomodam do que passam seu recado, poluem a cidade com barulho e entulho e duvido que alguém comprove (através de pesquisa) sua efetividade.
O guia comercial, é para longo prazo, porém com a internet e o google, ele está praticamente condenado a ficar no fundo de uma gaveta qualquer.
O que quero dizer é que, assim como Picoral, em seu tempo, inovou trazendo novas mídias para divulgar seu negócio, nós torrenses podemos e devemos buscar alternativas inovadoras para fazer o mesmo.
O panfleto (folheto) e o filme comercial lá em 1915 eram novidades, hoje, a internet com as mídias sociais, são a grande novidade (já nem tanto). Daqui a pouco surgirão novas formas em novas plataformas e as empresas irão aos poucos migrando para elas.
Hoje vejo várias empresas torrenses utilizando as mídias sociais e tendo bons resultados, porém a maioria ainda não se adaptou a este modelo e continua buscando soluções nos modelos antigos.

Por isso, infelizmente nossa cidade continuará por longo tempo barulhenta e cheia de papel para reciclagem. 

CUSPI E GIZ


Bem, era assim antigamente! E parece que pouca coisa mudou. Professores bons e não tão bons, também continua igual. O ensino fundamental e o médio, são os mesmos de antigamente, só com nomes diferentes. O superior está cada vez mais parecido com o segundo grau de antigamente (hoje ensino médio) e transformado em um grande negócio. O modelo é ruim desde sempre. Não tem muito que evoluir mesmo, tem é que trocar. Porém isso demandaria muito trabalho e altos custos, o que não interessa a governos nem a donos de escolas (universidades, cursinhos e outros).
Então vamos ao passado, por exemplo: Não lembro de nada mais “tecnológico” na educação, no meu tempo de primário (ensino fundamental), que o quadro “verde ou negro” e giz. Cartaz e mapa eram diferenciais tecnológicos que ilustravam algumas aulas, e só. Fui conhecer um retroprojetor na faculdade. Naquele tempo (40 anos atrás) existia o mimeógrafo (alguém lembra?) e máquina de escrever (datilográfica, é existia até curso para manejá-las) como auxiliares na produção de material disponibilizado ao alunos. E hoje o que mudou? Na prática, nada. Trocamos o mimeógrafo pela máquina de “Xerox”, a máquina de escrever pelo computador e o retroprojetor pelo Datashow (Projetor multimídia). Ah! O quadro negro ou verde pelo branco e o giz, pelo pincel (caneta para quadro branco), só!
E o aluno mudou? Sim, e muito. Antigamente o que o professor dizia era lei, verdade inquestionável: ele era o detentor da informação e da sabedoria. O aluno tinha total respeito pelo professor (via de regra), claro que também existiam os mais “levados”, mas o problema sempre era resolvido com uma “passadinha” na direção ou nos “apoios” ao aluno.
Hoje o aluno além de não ser mais o mesmo de antigamente, ele está mais inquieto, espera respostas mais rápidas, não quer perder tempo. Antes o acesso a informação era complicado, hoje está mais fácil e rápido, existe mais tecnologia aplicada em tudo que utilizamos. Agora o aluno pode ter um computador na sua mão com acesso a qualquer informação na hora que quiser. O professor afirma alguma coisa sobre determinado assunto e o aluno confere no mesmo momento podendo contestar ou não a informação. Isso me lembra uma propaganda que está sendo veiculada na televisão onde uma repórter fala ao vivo sobre o tempo e um rapaz que está passando no mesmo instante contesta dizendo que vai chover, contrariando a informação dela, e fundamentado no que ele está vendo no celular online. Claro que o aluno também mudou no sentido de respeito ao professor e seguidamente vemos manchetes sobre professores agredidos por alunos.
Isso contrasta com a atitude de vários professores da universidade local, que solicitam trabalhos manuscritos, por que, segundo eles, impediria o famoso “copia e cola” da internet. Ora, se o “perigo” de copiar e a falta de confiança nos alunos for tão grande, quem sabe, esses professores ao invés de culpar a facilidade da internet por sua incompetência ou despreparo, poderiam trocar esses trabalhos por uma boa discussão em grupo e na sala de aula, que certamente seria bem mais proveitoso para todos.
Como disse, não dá para mudar tudo isso já, mas podemos começar pelo nosso meio, mais próximo e quem sabe a longo prazo teremos mudanças mais significativas.

Aulas criativas e com conteúdo podem motivar os alunos e mantê-los em sala de aula, aulas enfadonhas e sem novidades os fazem estar presentes apenas com o corpo.

NAUFRÁGIOS

 “A costa do Rio Grande do Sul, em decorrência das freqüentes tempestades, dos bancos de areia e do nível médio do mar, inferior a 20 metros de profundidade, próximo à praia, levaram a batizá-la como o ‘Cemitério dos Navegantes, onde se encontram muitos navios naufragados”.
Conversando com amigos, jovens há mais tempo que eu, fui lembrado do episódio do naufrágio do cargueiro Avahy nos recifes da ilha dos lobos. Recordavam-nos das latas de pêssego em calda, com ou sem caroço (podiam escolher) que aportavam na costa da praia grande. Também se lembraram dos fardos de lãs que para serem aproveitados ficavam dias a secar ao sol. Há, tinha também as latas de azeite que, dizem, sustentaram por anos as fritadas de peixe de muitos torrenses e vizinhos do Passo de Torres.
Eu lembro apenas dos destroços do cargueiro que da praia se via e que com o passar dos anos foi desaparecendo até se despedaçar por completo. Para mim só havia acontecido este naufrágio em Torres. Pois estava enganado, Roberto Venturella, autor do texto acima, em seu livro A história do farol de Torres enumera outros dez naufrágios situados entre Torres e Cidreira até 1963.
Destaca, Venturella, os dois mais recentes: Rebocador São Pedro em 27/6/1946 e o Navio Mercante Avahy em 15/3/1960.
“O navio registrado na capitania de São Francisco do Sul, em SC fora fretado para rebocar duas chatas (embarcação de estrutura resistente sem propulsão, utilizada para transporte) de Rio Grande a Itajaí. Quando navegava entre Tramandaí e Torres, desabou violenta tempestade. Ondas enormes assolaram as três embarcações, fazendo com que as amarras das chatas arrebentassem, ficando a deriva. O comandante Rui Fornier Luz não conseguindo recolhê-las, rumou para Laguna, de onde retornou para iniciar novas buscas. Nesta ocasião, navegando a 15 milhas da costa de Torres, sofreu intenso temporal, desorientando o navio, apesar dos esforços de sua guarnição, que de tudo fizeram para controlar o leme. O rebocador encalhou nas imediações da praia do Paraíso a 18,5 quilômetros de Torres”.
Neste naufrágio duas pessoas morreram o comandante e seu imediato, os outros tripulantes nadaram até a costa onde foram resgatados.
O Avahy, segundo Venturella, cargueiro nacional pertencente à empresa de cabotagem Transmar, navegava de Rio Grande a Santos. Confirmando a informação popular, o navio levava lã, óleo de soja e de linhaça e outras mercadorias. A tripulação foi salva graças aos pescadores da região.

Neste ano o primeiro farol de Torres completaria 100 anos se tivesse resistido ao tempo. Outros três, em 1928, 1952 e 1993 cumpriram o papel de iluminar o caminho dos navegantes pela costa torrense. Assim como a importância dos faróis o trafego de navios não é mais o mesmo de antigamente. Quem sabe seja este o motivo de felizmente não acontecer mais naufrágios.
Lembro estes dois episódios de naufrágio porque fazem parte da memória local.