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sábado, 19 de setembro de 2015

O PRIMEIRO MARQUETEIRO

O primeiro marqueteiro de Torres foi um Zé que divulgava seu negócio através de panfletos. Mas não era um “zé qualquer” ou “zé ninguém”, tinha nome e sobrenome de peso: José Antônio Picoral. Foi ele que em 1915 empreendeu o seu Balneário Picoral e iniciou o turismo de sol e mar na pacata vila de Torres.
De suas viagens pela Europa, trouxe uma novidade: a divulgação através de folhetos. Picoral criou seus folhetos com criatividade e grau de detalhamento compatíveis com os padrões atuais. A logística utilizada foi muito bem executada, distribuiu seus folhetos na capital da província (Porto Alegre) e nas principais cidades do interior. A partir do folheto seu filho, o Zequinha, desenvolveu um filme que era apresentado antes das principais sessões de cinema da capital.
Marketing perfeito. Os famosos 4 P’s (muitas vezes desvirtuados por invencionistas para 6 ou 8 P’s) lá estavam: Produto, Preço, Praça e Promoção.
Para quem não está familiarizado com estes termos, eu explico. Como Promoção, Picoral utilizou os folhetos e o filme, além do boca a boca e propaganda em jornais da época. Como Praça (Distribuição), ele a determinou através da veiculação e distribuição, pois escolheu a Capital e as principais cidades do interior como domicílios do seu público alvo. O Produto era o próprio hotel e seus serviços. Balneário Picoral, um hotel modelo para a época, um resort dos dias de hoje. Possuía as três refeições incluídas na diária e até café da tarde, Chalés a beira mar, Salão de festas, barbearia, sorveteria, bar, lavanderia, enfim tudo que o hóspede necessitasse. E, claro, tudo isso direcionado para o hóspede classe A, seu público alvo. Quanto ao Preço, pelo que se sabe era compatível aos padrões do hotel e de seu público bem definido.
Lembro este pioneiro em marketing para falar sobre outras formas de promoção de vendas que vejo pela cidade de Torres na atualidade. São apenas dois exemplos que vou comentar esta semana: Os carros de som, guias comerciais e os panfletos.
Os carros de som são mídias invasivas e desconfortáveis aos ouvidos de todos, inclusive dos que a fazem. Em Torres, são vários carros (legalizados ou não) desfilando principalmente pelas avenidas comerciais e ensurdecendo compradores e lojistas (muitos deles com seus próprios anúncios).
Os guias comerciais não são invasivos, mas seus promotores sim. Diariamente aparece um nos comércios da cidade convidando a participar.
E, por fim, os panfletos. Estes entopem as portas comerciais e residenciais diariamente, além de estarem presentes como encarte nos jornais locais.
Os carros de som e os panfletos são mídias imediatistas e levam ao consumidor informações descartáveis, ou seja, a pessoa escuta ou vê e se não interessar descarta na hora. Hoje estas duas mídias têm mais desvantagens que vantagem, pois mais incomodam do que passam seu recado, poluem a cidade com barulho e entulho e duvido que alguém comprove (através de pesquisa) sua efetividade.
O guia comercial, é para longo prazo, porém com a internet e o google, ele está praticamente condenado a ficar no fundo de uma gaveta qualquer.
O que quero dizer é que, assim como Picoral, em seu tempo, inovou trazendo novas mídias para divulgar seu negócio, nós torrenses podemos e devemos buscar alternativas inovadoras para fazer o mesmo.
O panfleto (folheto) e o filme comercial lá em 1915 eram novidades, hoje, a internet com as mídias sociais, são a grande novidade (já nem tanto). Daqui a pouco surgirão novas formas em novas plataformas e as empresas irão aos poucos migrando para elas.
Hoje vejo várias empresas torrenses utilizando as mídias sociais e tendo bons resultados, porém a maioria ainda não se adaptou a este modelo e continua buscando soluções nos modelos antigos.

Por isso, infelizmente nossa cidade continuará por longo tempo barulhenta e cheia de papel para reciclagem. 

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