O
primeiro marqueteiro de Torres foi um Zé que divulgava seu negócio através de
panfletos. Mas não era um “zé qualquer” ou “zé ninguém”, tinha nome e sobrenome
de peso: José Antônio Picoral. Foi ele que em 1915 empreendeu o seu Balneário
Picoral e iniciou o turismo de sol e mar na pacata vila de Torres.
De suas
viagens pela Europa, trouxe uma novidade: a divulgação através de folhetos.
Picoral criou seus folhetos com criatividade e grau de detalhamento compatíveis
com os padrões atuais. A logística utilizada foi muito bem executada,
distribuiu seus folhetos na capital da província (Porto Alegre) e nas
principais cidades do interior. A partir do folheto seu filho, o Zequinha,
desenvolveu um filme que era apresentado antes das principais sessões de cinema
da capital.
Marketing
perfeito. Os famosos 4 P’s (muitas vezes desvirtuados por invencionistas para 6
ou 8 P’s) lá estavam: Produto, Preço, Praça e Promoção.
Para quem
não está familiarizado com estes termos, eu explico. Como Promoção, Picoral
utilizou os folhetos e o filme, além do boca a boca e propaganda em jornais da
época. Como Praça (Distribuição), ele a determinou através da veiculação e
distribuição, pois escolheu a Capital e as principais cidades do interior como domicílios
do seu público alvo. O Produto era o próprio hotel e seus serviços. Balneário
Picoral, um hotel modelo para a época, um resort dos dias de hoje. Possuía as
três refeições incluídas na diária e até café da tarde, Chalés a beira mar,
Salão de festas, barbearia, sorveteria, bar, lavanderia, enfim tudo que o
hóspede necessitasse. E, claro, tudo isso direcionado para o hóspede classe A,
seu público alvo. Quanto ao Preço, pelo que se sabe era compatível aos padrões
do hotel e de seu público bem definido.
Lembro
este pioneiro em marketing para falar sobre outras formas de promoção de vendas
que vejo pela cidade de Torres na atualidade. São apenas dois exemplos que vou
comentar esta semana: Os carros de som, guias comerciais e os panfletos.
Os carros
de som são mídias invasivas e desconfortáveis aos ouvidos de todos, inclusive
dos que a fazem. Em Torres, são vários carros (legalizados ou não) desfilando
principalmente pelas avenidas comerciais e ensurdecendo compradores e lojistas
(muitos deles com seus próprios anúncios).
Os guias
comerciais não são invasivos, mas seus promotores sim. Diariamente aparece um
nos comércios da cidade convidando a participar.
E, por
fim, os panfletos. Estes entopem as portas comerciais e residenciais
diariamente, além de estarem presentes como encarte nos jornais locais.
Os carros
de som e os panfletos são mídias imediatistas e levam ao consumidor informações
descartáveis, ou seja, a pessoa escuta ou vê e se não interessar descarta na
hora. Hoje estas duas mídias têm mais desvantagens que vantagem, pois mais
incomodam do que passam seu recado, poluem a cidade com barulho e entulho e
duvido que alguém comprove (através de pesquisa) sua efetividade.
O guia
comercial, é para longo prazo, porém com a internet e o google, ele está
praticamente condenado a ficar no fundo de uma gaveta qualquer.
O que
quero dizer é que, assim como Picoral, em seu tempo, inovou trazendo novas
mídias para divulgar seu negócio, nós torrenses podemos e devemos buscar
alternativas inovadoras para fazer o mesmo.
O
panfleto (folheto) e o filme comercial lá em 1915 eram novidades, hoje, a
internet com as mídias sociais, são a grande novidade (já nem tanto). Daqui a
pouco surgirão novas formas em novas plataformas e as empresas irão aos poucos
migrando para elas.
Hoje vejo
várias empresas torrenses utilizando as mídias sociais e tendo bons resultados,
porém a maioria ainda não se adaptou a este modelo e continua buscando soluções
nos modelos antigos.
Por isso,
infelizmente nossa cidade continuará por longo tempo barulhenta e cheia de
papel para reciclagem.
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