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terça-feira, 24 de novembro de 2015

A TEMPORADA JÁ COMEÇOU!

Não, não estou antecipando o início da temporada. Acho que todos já notaram que os turistas (e veranistas) começam a vir para as praias (e digo todas as praias) nos primeiros sinais de sol. Ninguém espera um prefeito ou uma prefeita decretar que está aberta a temporada para virem para cá ou para outro lugar.
Isto posto me surgem algumas indagações. Se convido alguém para vir me visitar eu me preparo antes para recebê-lo ou vou me preparando e ajustando as “coisas” com a presença dele? Com ele ao meu lado vou elaborando relatórios para ver quais seriam as suas necessidades e ver se consigo dinheiro para satisfazê-las!
Me espanta que o atual governo municipal esteja preocupado em “qualificar o turista” e não o seu próprio “turismo”. Isto parece uma política de “seleção” e não de expansão. Fiscalização sim, controle sim, mas o mais importante é a qualificação dos serviços e produtos turísticos da cidade. Se a sua parte (prefeitura), não for bem-feita, o restante estará seriamente comprometido.
O turista não pode passear a noite no calçadão por falta de iluminação. Não tem um banheiro público (decente). Não tem onde colocar o lixo, principalmente na orla, pois as lixeiras são pequenas e em pouca quantidade. Praças! Uma calamidade! Uma em obras (lentas), dificilmente ficará pronta para a temporada. As outras em precárias condições, foram mal construídas e estão malconservadas. A desculpa de que vândalos as destroem é muito fraca, pois se existe ou existiu uma forma de implantação destas praças (e lixeiras) forçosamente deveria existir um programa de conservação/manutenção. Temos um bom exemplo de conservação de praças aqui mesmo, em Torres, as famosas quatro praças ou João Neves da Fontoura, mantida por uma associação de moradores dos prédios próximos a ela. Os vândalos também as visitam, mas existe um programa de manutenção que as mantém sempre em forma.
A qualificação do turismo em Torres pode sim começar pela escola. Já tivemos, disciplinas obrigatórias de turismo no ensino fundamental. O prefeito anterior, no seu primeiro mandato, acabou com elas. Agora, no final deste mandato, a secretária de Turismo acha que seria necessária uma disciplina de turismo. Que bom!
Eu sou amplamente favorável ao Benchmarking, aprender com quem tem experiência de bons resultados, mas não adianta só ir visitar, tem que aprender. E isso leva tempo. E o mais difícil: o que deu certo lá nem sempre dará certo aqui. Existe uma coisa que chamamos de habilidade conceitual, usar o conhecimento técnico e aplicá-lo de forma que possa ser adaptado a sua necessidade, e isso só com um estudo aprofundado e não somente através de workshops.
E por fim, vou falar da união do trade turístico de Torres, que se une/reúne para premiar-se. Que bom!
Então está tudo certo neste “nicho” (turismo agora virou nicho) de Torres e não preciso mais falar sobre o assunto.

Roni Dalpiaz
Mestre em Marketing, Administrador, Turismólogo e Artista Plástico.
e-mail: ronidalpiaz@gmail.com


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

CÉU ESTRELADO EM TORRES

Tarde de Domingo, pipoca sendo feita em frente ao cine Ronda.
Ficava com meu ingresso na mão olhando o pipoqueiro em sua destreza estourar as pipocas e espalhar o aroma por toda a quadra do cinema. Naquele tempo a pipoca era feita com banha em uma velha panela com furos na tampa aquecida por um antigo “fogareiro de liquinho” (botijão de gás pequeno, que hoje é proibido seu uso). Depois disso, as pipocas eram cuidadosamente colocadas nos saquinhos e expostas na vitrina do carrinho, prontas para serem vendidas. O velho carrinho de pipoca e seu pipoqueiro ali permaneciam até o final da matiné. Quando recomeçava a função. Uma boa espiada no cartaz exposto na vitrina e a entrada no cinema. O “gringo” cuidando dos bastidores do cinema, desde a distribuição dos cartazes pela cidade até o fechar e abrir as portas do prédio. Mentos, chicletes Adams, bala de goma e bala mocinho nos acompanhavam cinema a dentro. Lembro muito bem de um grande mezanino e seu teto escuro com estrelas de diversos tamanhos, pintadas simulando um céu a noite.
Estas são minhas lembranças de um cinema criado por Nicola Valosiewitch Zoanni, um russo que veio para o Brasil durante o período da Revolução Russa por incompatibilidades com o novo regime. Chegou no ano de 1949, com a família para estabelecer-se definitivamente em Torres. Pioneiro empresário da cultura circense, teatral e cinematográfica no balneário de Torres, Zoanni montou seu circo-cinema inicialmente nos fundos do anexo do Farol hotel (também conhecido como Imperial, demolido no ano de 2010), onde fazia apresentações de mágica e depois projetava filmes na parede dos fundos do prédio.
No ano de 1954 ele levou o cinema para a parte baixa da cidade, no bairro Ronda. Nesta época, Ronda era um bairro popular que sofria forte preconceito, por ali morarem pessoas de classes menos nobres, pois os ricos moravam na parte alta da cidade. No início o mesmo barracão de madeira (da parte alta) serviu de sede. Não tinha piso, era tipo circo com arquibancada e tábuas em cima da areia. Com o tempo as paredes de alvenaria foram sendo levantadas por fora do barracão dando o lugar ao novo Cine Ronda, nome escolhido em homenagem ao bairro.
Supõe-se que a intenção da escolha deste bairro fosse pelo baixo custo de implantação e também popularizar a cultura garantindo a frequência o ano todo, fugindo da concorrência corporativista da zona nobre. Posteriormente sempre superou em lotação ao cinema da SAPT que chegou depois, na zona nobre da cidade, e só abria na temporada de verão. (Job, 2014).
Sabe-se que Nicola pintou, no teto do Cine Ronda, estrelas sob um fundo azul escuro, talvez uma alusão as antigas lonas de circo ou aos artistas que passavam pela tela do cinema.
O céu azul de Nicola e Maria Eugênia certamente foi o mais brilhante de todos, capaz de encantar a tantos de tal forma que suas estrelas continuam fazendo parte de todos que ali encontraram muito mais que algumas horas de distração. (Silveira, 2010).
Minhas melhores lembranças de cinema são dentro do Cine Ronda, e esta é minha homenagem a este pioneiro na cidade de Torres.
Fonte: SILVEIRA, Rute Almeida da. TCC de História. Projetor de memórias um olhar do público sobre o Cine Ronda (Torres/RS 1950 – 1960)
http://osvaldojob.blogspot.com.br/2014/02/os-tres-patetas-e-o-cine-ronda.html

sábado, 14 de novembro de 2015

AÍ VEM O VERÃO

Não me contive e senti a necessidade de escrever sobre a preparação para mais um verão que está chegando. Comecei a escrever e notei que algo me soava familiar. Então fui buscar em minhas colunas anteriores e algo parecido com o que estava escrevendo. Para minha surpresa (nem tanta assim) encontrei uma coluna no ano de 2012, quando do início do mandato da prefeita de Torres. Bem, como nada mudou, resolvi reeditá-la só modificando o final. E aí está!
“As férias estão próximas fazendo com que a hotelaria, o comércio em geral e as prefeituras dos municípios marítimos tomem providências para que os visitantes se sintam bem em suas cidades.
Isto foi escrito em 1985, há 30 anos, pelo saudoso jornalista e escritor Francisco Raupp. Desde muito antes de Raupp dizer essas palavras, cultivamos o hábito de nos prepararmos para o verão. Fazendo isso nos preparamos, também, para receber os visitantes, turistas ou veranistas. Sempre foi assim e certamente isso começou com Picoral e seu Balneário.
As casas estão sendo abertas. Os apartamentos recebem a luz do sol. O comércio se prepara com estoques de produtos, e os quiosques da beira mar começam a receber os primeiros turistas.
A temporada do verão está prestes a começar.
O natal está próximo assim como o ano novo, e tudo passa muito depressa.
Será que vai chover mais do que o ano passado?
Será que virão os Argentinos?
O verão vai ser quente ou mais ameno?
São tantas perguntas e poucas respostas. O certo mesmo é que com ou sem as respostas a cidade e os moradores enfrentam a nova temporada com esperança e algumas certezas.
Uma das certezas é que a economia da cidade depende do sucesso do veraneio. Outra certeza é que no ano que vem as esperanças serão renovadas. Mais uma certeza: é que sempre foi assim.
Acrescento a essas certezas a de que ainda vai demorar muito para modificarmos este estado de coisas. A mudança mexe com a nossa cultura. E para modificá-la precisa-se de tempo, bastante tempo.
Porém é necessário um início. Quem sabe agora, com um novo governo, um novo ano e quem sabe uma nova mentalidade e um novo modelo. E finalmente, uma nova esperança. ”
Como nada mudou, renovemos, pois, nossas esperanças no porvir.
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Referências

RAUPP, Francisco. Do Alto da Torre.Porto Alegre: Editora Movimento, 1985.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

AINDA DE VOLTA PARA O FUTURO

Na semana passada o filme “De volta para o futuro” completou 30 anos e o mais comentado foram os erros e os acertos da projeção de futuro feita pelo autor e roteiristas na época.
Na média do que vi e li sobre o assunto ficou em 50 por cento os acertos (e consequentemente, os erros) sobre como estaria o planeta em 2015. A grande falha, se dá para dizer isso, foi a não inclusão do celular no futuro. Projetaram, assim como nos “Jetsons” (para quem não sabe este foi um desenho futurista de Hanna-Barbera), um futuro com comunicação através da televisão, nos moldes do telefone fixo. Ou seja, dentro de casa ou no trabalho, mas fixo.
Outro erro foi o carro voador. Este desde minha infância está nos principais filmes e desenhos sobre ficção científica, primeiro já teríamos estes carros no ano 2000, depois ficou para o ano de 2015 e a próxima projeção será para quantos anos? Mais trinta, talvez!
No primeiro filme da série “De volta para o futuro”, Marty McFly (M.J.Fox) volta 30 anos (de 1985 para 1955) e lá, além de outras coisas, vê uma cidade antiga projetando um novo bairro, ou seja, pensando no futuro e em seu crescimento.
Neste contexto eu faço um paralelo com a cidade de Torres, voltemos 30 anos até o ano de 1985 e deste ano até o ano de 1955. Então analisemos os acontecimentos e mudanças no panorama turístico e econômico da cidade. Houve evolução? Tivemos um grande impacto com a chegada no futuro? Nos preparamos para este futuro? Planejamos esta trajetória.
Vamos pensar turisticamente, que é o foco desta coluna. Houve evolução?
Em 1955 (até antes disso, mais ou menos 1940 a 1976) a SAPT, e seus representantes e sócios, direcionavam as ações juntamente com a administração local (Prefeitos), e muito foi feito e projetado para o futuro da cidade. Era a época do forte conceito de veranismo, com o turismo ainda incipiente. Expansão das casas de verão ou segunda moradia, implantação de telefonia, antenas de tv no morro do farol (retransmissoras), desativação do cemitério, também no morro do farol (anos 60), tendas a beira mar, prédio da antiga SAPT e o Grande Hotel Torres.
Em 1985 já tínhamos vivido a explosão do turismo e a construção de muitos hotéis, o parque da guarita (1971), o calçadão (1978) e o asfaltamento de diversas ruas na cidade. Neste período a cidade já iniciava sua caminhada com as próprias pernas, ou seja, com gestões municipais mais independentes de influências externas.
Em 2015 continuamos com tudo o já tínhamos, porém sucateados ou malcuidados. Na orla, o calçadão foi refeito e malfeito, mantendo o antigo piso em uma grande parte do trajeto. O parque da guarita está com ares de abandono, apesar de receber novos banheiros (ficou muito tempo sem) e uma ciclovia que destoa do projeto de Burle Max. Morro do farol e ponte pênsil idem. A beira rio sofreu uma boa modificação desde a construção da ponte sobre o Mampituba (graças a prefeitura do Passo de Torres), mas foram só modificações cosméticas, nada muito estrutural.
A iniciativa atual é dos construtores que investem em prédios modernos com arquitetura diferenciada visando modificar, para melhor, a paisagem urbana.
Não sei o que Torres será no futuro, nem sei se ela continuará sendo uma cidade turística. Na verdade, nem nossos governantes sabem ou projetam isso, simplesmente vão levando. O pior disto tudo é essa crise de identidade. Ou assumimos ser uma cidade turística, que está no nosso DNA ou mudamos. O plano diretor pode ser um destes norteadores de crescimento, mas ainda está sendo feito e podendo ser finalizado até o final deste mandato.

Prefeito vem, prefeita vai e de concreto, muito pouco. Não tivemos mais ninguém que pensasse ou projetasse a cidade para o futuro e ainda não temos. Pensamos apenas o presente, sempre tentando solucionar problemas atuais e/ou antigos não solucionados. Sempre reativamente, nunca proativamente. Quando isso mudará? Teremos que esperar mais 30 anos? Ou quem sabe alguém vá para o futuro em um De Lorean e traga soluções ou alternativas para chegarmos lá um pouco mais preparados.