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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O TURISMO ENTRANDO PELO CANO

As águas de março este ano chegaram em fevereiro e com grande intensidade. Pode-se dizer que elas vieram quase todas no mesmo dia. Com elas os velhos problemas da falta de esgoto pluvial na cidade, ou seja, ruas alagadas e trânsito parado. Pela intensidade os problemas aumentaram, as águas invadiram casas, comércios e transbordaram a lagoa e o riacho.
Isso me alertou sobre a falta de um sistema ou rede bem planejada de coleta de águas deste tipo na cidade. E poderia esticar este pensamento para tantas outras coisas que faltam ou nunca foram pensadas pelos nossos governantes, mas não o fiz.
Preferi pensar em lugares que já passaram por estes problemas (séculos atrás) e os resolveram indo além. Um destes lugares é Paris. Resolvido o problema sanitário e pluvial, os grandes túneis de esgoto passaram a ter mais uma utilidade: o turismo.
A cidade não possui apenas atrativos turísticos aparentes, possui também aqueles ocultos (pelo menos para a maioria dos turistas de primeira viagem), ou seja, literalmente no underground da cidade. No caso de Paris, o Museu dos Esgotos (Musée des Égouts).
Trata-se de um verdadeiro tour “por uma cidade embaixo de outra cidade”, uma interessante aventura por um sistema subterrâneo cujas origens estão no século 14. Não dá para garantir que o passeio inclua vistas bonitas ou bons odores, mas esse quase meio quilômetro de trajeto, iniciado na Place de la Résistance, é uma boa aula de história, principalmente do capítulo higiene, um assunto cujos problemas os parisienses já tentavam resolver na Idade Média.
Alguns podem dizer que o passeio pelos túneis da cidade não tem o glamour da Torre Eiffel, mas pode informar o visitante sobre a gestão das águas usadas com quem tem um sólido know-how sobre o assunto. Para se ter uma ideia dos números envolvidos neste processo veja os dados a seguir:
Todos os dias são despejados 1,2 milhão de metros cúbicos de água usada nos 2.100 quilômetros de túneis sendo retirados da rede mais de 15 mil metros cúbicos de dejetos sólidos. O correspondente a um prédio de seis andares. A água que abastece a cidade vem do rio Sena e, hoje, depois de tratada, volta para o Sena.
Esta é a uma das importantes informações, o rio Sena hoje está novamente limpo porque a água que dele sai volta somente após o tratamento. Isto pode ser também realidade no nosso maltratado Mampituba.
Mas ainda sobre o turismo nos túneis de Paris. Além de revelar ao visitante um sistema de tratamento muito inteligente, criado no final do século 14, o passeio impressiona bastante ao expor um antiquíssimo conjunto de tubos de ferro conhecido como “o sistema nervoso da cidade”. Nesta área, batizada com o nome do responsável pela construção do principal sistema de Paris, no reinado de Luís XIV (Galeria Michel Turgot), também está exposta uma máquina de época utilizada para a limpeza dos túneis. O mapa numerado e as placas nas paredes conduzem o visitante por um conjunto de galerias interligadas que mais se parecem com ruas. Cada uma delas leva o nome de uma personalidade importante na época. O tour pelo Museu dos Esgotos de Paris não é muito concorrido, tem duração de uma hora e meia, em média, e a entrada custa apenas €4.30, o equivalente a R$ 14,00.
É parece que o turismo em Paris literalmente entrou pelo cano, mas saiu. E Torres vai conseguir sair?

Fonte: http://www.melhoresdestinos.com.br/museu-esgotos-paris.html

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

VERANISMO

Me recordo que antigamente não se falava muito em turista, o que existia era a figura do veranista. Como aqui na aldeia muita gente confunde veranista com turista, achei interessante e didático esclarecer esta dúvida. Embora eu tenha claro o significado de um de outro, considero mais prudente me socorrer de um autor que trabalhou muito bem esta diferença, então faço minhas as palavras de Javier Caletrío
"Ao tentar decifrar o significado desta previsibilidade e familiaridade por meio de teorias sociais do turismo, somos levados a descartar o veraneio como uma forma de turismo, seja a não conseguir compreender seu potencial emancipatório. Ao tomar como pressuposto a dicotomia entre casa e alhures (em outro lugar, outra parte, home andaway), na qual a casa é associada ao familiar e o alhures à novidade e ao exótico, o familiar tende a ser compreendido como tudo aquilo que o turista deixa para trás. Em um de seus escritos mais antigos sobre o assunto, Urry (1990: 2-3) argumenta que o turismo envolve o movimento de pessoas a “um novo lugar ou a novos lugares”, que logradouros turísticos são locais “fora do comum” e que há uma “clara intenção de voltar para ‘casa’”.
Auxiliado por Caletrío, então, veranista é a pessoa que passa o verão em algum lugar específico (fora do local onde reside), no nosso caso, no litoral e mais precisamente em Torres. Esta figura já habita nosso litoral há muitos anos, ou verões, ou temporadas. Famílias inteiras passaram várias temporadas em Torres em décadas passadas e novas gerações, dessas e de outras famílias, perpetuam esta modalidade iniciada antes de Picoral.
Também, antigamente, essa prática era feita através de quartos em hotéis (aqui o início da confusão entre os conceitos), aluguel de chalés ou chalés próprios e acampamentos em campings. Hoje, continua mais ou menos igual. A diferença, ficou por conta da substituição dos chalés por Casas e/ou apartamentos próprios ou alugados e a quase extinção dos campings. Ah! Outra mudança substancial, foi o tempo de permanência do veranista aqui. Antes, este período era de mais ou menos dois meses, hoje, este período varia de semanas até no máximo, um mês. Outra alteração foi que, este veranista, está vindo fora da temporada do verão, virando “outonista”, “primaverista” e até “invernista”, se existissem estes termos!
Continua Caletrío:
“Tenho sim a real intensão de separar o pragmatismo do TURISMO para a informalidade e degradação do VERANISMO. Na minha análise, VERANISMO seria o deslocamento para estadias em casas de VERANEIO e VERANISTAS as pessoas que alugam ou são proprietárias dessas casas, que concordo, não deixa de ser TURISMO, no entanto esse público alvo, não se renova: Contudo, os veranistas exibem uma incrível fidelidade ao lugar, mesmo após perdas de status decorrente da expansão de construções. Isso sugere que uma dinâmica mais complexa está por trás da vivência do lugar."
Parafraseando Caletrío: Uma pessoa que faz as compras no mercado local e vai à praia e, ao pisar na praia, sua figura não se diluirá na massa impessoal que já se tornou a imagem paradigmática das praias do litoral gaúcho. Ao contrário, o passeio à beira-mar será um reencontro com amigos de longa data e conhecidos. Essa pessoa não é um turista, pelo menos não no sentido acadêmico de uma pessoa que deixa para trás os ambientes conhecidos do dia-a-dia em busca de novidades ou do exótico. Tampouco é um turista “de massa”, no sentido mais cotidiano e pejorativo, denotando um membro passivo pertencente a um coletivo dócil, atraído pelo famoso trio sol-praia-mar. Contudo, se essas pessoas abandonassem as praias do litoral gaúcho, muitas ficariam desertas e a imagem tradicionalmente associada ao turismo de massa aos poucos se apagaria.
Então, salve os veranistas “torrenses”, pessoas que escolheram Torres para ser o lugar onde passarão a maioria dos verões (e outras estações) de suas vidas.
Em tempo:
Turista: É toda a pessoa, sem discriminação de etnia, sexo ou religião, que entra em um território contratante diferente do local de residência, com um prazo superior a 24 horas e inferior a 12 meses com o objetivo de lazer, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinação religiosa ou negócio.
Veranista: indivíduo que habitualmente passa o verão fora do local onde reside.


Fonte: Caletrío, Javier. “De veraneo en la playa”: pertencimento e o familiar no turismo de massa no Mediterrâneo. Est. Hist., Rio de Janeiro, vol. 24, nº 47, p. 119-140, janeiro-junho de 2011.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

HOTÉIS DE SELVA

Antigamente (nem tanto assim!) as pessoas (nem todas) fugiam de tudo que não lembrasse civilização. Hoje parece que isso mudou! Com o advento dos “homens bomba” espraiando-se por todo o mundo, e principalmente pelos grandes centros, o negócio agora é fugir para o “mato”. Mais precisamente: para a selva.
A Amazônia (brasileira) representa mais da metade das florestas tropicais remanescentes no planeta e compreende a maior biodiversidade em uma floresta tropical no mundo. E é nela que estão três dos melhores hotéis de selva do Brasil. Se é para viajar para uma selva, que seja aqui na Amazônia e com custos em reais. Passar alguns dias em um hotel de selva (sem esquecer da carteirinha da Funai), é garantia de aventura e isolamento da civilização, e de quebra você pode fazer passeios pela selva e pelos rios, encontrando botos cor-de-rosa e quem sabe até conhecer uma tribo indígena.
Os hotéis de selva mais conhecidos no Brasil são: o Jungle Othon Palace Hotel, o Juma Amazon Lodge e o Ariaú Amazon Towers.
O Jungle Othon Palace Hotel está situado a 50 km de Manaus à margem esquerda do Rio Negro e foi construído sobre uma balsa de aço em perfeita harmonia com a natureza, dentro de um projeto ecologicamente planejado e autônomo (água mineral, energia própria, estação de tratamento de esgoto).
O Juma Amazon Lodge se localiza a 100 km ao sudeste de Manaus, em uma região remota, numa área totalmente preservada de sete mil hectares e possui apenas 20 bangalôs, com sua construção totalmente integrada à Floresta Amazônica. Foi construído em terra firme sobre palafitas, na copa das árvores. Este procedimento é necessário para atender às épocas de cheia dos rios onde o nível da água pode subir até 15 metros.
O Hotel de Selva Ariaú Amazon Towers, localizado no Município de Iranduba, Estado do Amazonas, é único na sua concepção arquitetônica, pois o mesmo é construído sobre palafitas de madeira à altura da copa das árvores. Devido a sua estrutura singular, o hotel integra-se com toda a vida selvagem existente na Selva Amazônica como: macacos de diversas espécies, araras, papagaios, botos cor-de-rosa, entre outros animais da fauna brasileira.

São três belos exemplos de Turismo Sustentável que deram certo: Integração total entre o empreendimento turístico e a natureza. 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A TEMPORADA JÁ COMEÇOU!

Não, não estou antecipando o início da temporada. Acho que todos já notaram que os turistas (e veranistas) começam a vir para as praias (e digo todas as praias) nos primeiros sinais de sol. Ninguém espera um prefeito ou uma prefeita decretar que está aberta a temporada para virem para cá ou para outro lugar.
Isto posto me surgem algumas indagações. Se convido alguém para vir me visitar eu me preparo antes para recebê-lo ou vou me preparando e ajustando as “coisas” com a presença dele? Com ele ao meu lado vou elaborando relatórios para ver quais seriam as suas necessidades e ver se consigo dinheiro para satisfazê-las!
Me espanta que o atual governo municipal esteja preocupado em “qualificar o turista” e não o seu próprio “turismo”. Isto parece uma política de “seleção” e não de expansão. Fiscalização sim, controle sim, mas o mais importante é a qualificação dos serviços e produtos turísticos da cidade. Se a sua parte (prefeitura), não for bem-feita, o restante estará seriamente comprometido.
O turista não pode passear a noite no calçadão por falta de iluminação. Não tem um banheiro público (decente). Não tem onde colocar o lixo, principalmente na orla, pois as lixeiras são pequenas e em pouca quantidade. Praças! Uma calamidade! Uma em obras (lentas), dificilmente ficará pronta para a temporada. As outras em precárias condições, foram mal construídas e estão malconservadas. A desculpa de que vândalos as destroem é muito fraca, pois se existe ou existiu uma forma de implantação destas praças (e lixeiras) forçosamente deveria existir um programa de conservação/manutenção. Temos um bom exemplo de conservação de praças aqui mesmo, em Torres, as famosas quatro praças ou João Neves da Fontoura, mantida por uma associação de moradores dos prédios próximos a ela. Os vândalos também as visitam, mas existe um programa de manutenção que as mantém sempre em forma.
A qualificação do turismo em Torres pode sim começar pela escola. Já tivemos, disciplinas obrigatórias de turismo no ensino fundamental. O prefeito anterior, no seu primeiro mandato, acabou com elas. Agora, no final deste mandato, a secretária de Turismo acha que seria necessária uma disciplina de turismo. Que bom!
Eu sou amplamente favorável ao Benchmarking, aprender com quem tem experiência de bons resultados, mas não adianta só ir visitar, tem que aprender. E isso leva tempo. E o mais difícil: o que deu certo lá nem sempre dará certo aqui. Existe uma coisa que chamamos de habilidade conceitual, usar o conhecimento técnico e aplicá-lo de forma que possa ser adaptado a sua necessidade, e isso só com um estudo aprofundado e não somente através de workshops.
E por fim, vou falar da união do trade turístico de Torres, que se une/reúne para premiar-se. Que bom!
Então está tudo certo neste “nicho” (turismo agora virou nicho) de Torres e não preciso mais falar sobre o assunto.

Roni Dalpiaz
Mestre em Marketing, Administrador, Turismólogo e Artista Plástico.
e-mail: ronidalpiaz@gmail.com


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

CÉU ESTRELADO EM TORRES

Tarde de Domingo, pipoca sendo feita em frente ao cine Ronda.
Ficava com meu ingresso na mão olhando o pipoqueiro em sua destreza estourar as pipocas e espalhar o aroma por toda a quadra do cinema. Naquele tempo a pipoca era feita com banha em uma velha panela com furos na tampa aquecida por um antigo “fogareiro de liquinho” (botijão de gás pequeno, que hoje é proibido seu uso). Depois disso, as pipocas eram cuidadosamente colocadas nos saquinhos e expostas na vitrina do carrinho, prontas para serem vendidas. O velho carrinho de pipoca e seu pipoqueiro ali permaneciam até o final da matiné. Quando recomeçava a função. Uma boa espiada no cartaz exposto na vitrina e a entrada no cinema. O “gringo” cuidando dos bastidores do cinema, desde a distribuição dos cartazes pela cidade até o fechar e abrir as portas do prédio. Mentos, chicletes Adams, bala de goma e bala mocinho nos acompanhavam cinema a dentro. Lembro muito bem de um grande mezanino e seu teto escuro com estrelas de diversos tamanhos, pintadas simulando um céu a noite.
Estas são minhas lembranças de um cinema criado por Nicola Valosiewitch Zoanni, um russo que veio para o Brasil durante o período da Revolução Russa por incompatibilidades com o novo regime. Chegou no ano de 1949, com a família para estabelecer-se definitivamente em Torres. Pioneiro empresário da cultura circense, teatral e cinematográfica no balneário de Torres, Zoanni montou seu circo-cinema inicialmente nos fundos do anexo do Farol hotel (também conhecido como Imperial, demolido no ano de 2010), onde fazia apresentações de mágica e depois projetava filmes na parede dos fundos do prédio.
No ano de 1954 ele levou o cinema para a parte baixa da cidade, no bairro Ronda. Nesta época, Ronda era um bairro popular que sofria forte preconceito, por ali morarem pessoas de classes menos nobres, pois os ricos moravam na parte alta da cidade. No início o mesmo barracão de madeira (da parte alta) serviu de sede. Não tinha piso, era tipo circo com arquibancada e tábuas em cima da areia. Com o tempo as paredes de alvenaria foram sendo levantadas por fora do barracão dando o lugar ao novo Cine Ronda, nome escolhido em homenagem ao bairro.
Supõe-se que a intenção da escolha deste bairro fosse pelo baixo custo de implantação e também popularizar a cultura garantindo a frequência o ano todo, fugindo da concorrência corporativista da zona nobre. Posteriormente sempre superou em lotação ao cinema da SAPT que chegou depois, na zona nobre da cidade, e só abria na temporada de verão. (Job, 2014).
Sabe-se que Nicola pintou, no teto do Cine Ronda, estrelas sob um fundo azul escuro, talvez uma alusão as antigas lonas de circo ou aos artistas que passavam pela tela do cinema.
O céu azul de Nicola e Maria Eugênia certamente foi o mais brilhante de todos, capaz de encantar a tantos de tal forma que suas estrelas continuam fazendo parte de todos que ali encontraram muito mais que algumas horas de distração. (Silveira, 2010).
Minhas melhores lembranças de cinema são dentro do Cine Ronda, e esta é minha homenagem a este pioneiro na cidade de Torres.
Fonte: SILVEIRA, Rute Almeida da. TCC de História. Projetor de memórias um olhar do público sobre o Cine Ronda (Torres/RS 1950 – 1960)
http://osvaldojob.blogspot.com.br/2014/02/os-tres-patetas-e-o-cine-ronda.html

sábado, 14 de novembro de 2015

AÍ VEM O VERÃO

Não me contive e senti a necessidade de escrever sobre a preparação para mais um verão que está chegando. Comecei a escrever e notei que algo me soava familiar. Então fui buscar em minhas colunas anteriores e algo parecido com o que estava escrevendo. Para minha surpresa (nem tanta assim) encontrei uma coluna no ano de 2012, quando do início do mandato da prefeita de Torres. Bem, como nada mudou, resolvi reeditá-la só modificando o final. E aí está!
“As férias estão próximas fazendo com que a hotelaria, o comércio em geral e as prefeituras dos municípios marítimos tomem providências para que os visitantes se sintam bem em suas cidades.
Isto foi escrito em 1985, há 30 anos, pelo saudoso jornalista e escritor Francisco Raupp. Desde muito antes de Raupp dizer essas palavras, cultivamos o hábito de nos prepararmos para o verão. Fazendo isso nos preparamos, também, para receber os visitantes, turistas ou veranistas. Sempre foi assim e certamente isso começou com Picoral e seu Balneário.
As casas estão sendo abertas. Os apartamentos recebem a luz do sol. O comércio se prepara com estoques de produtos, e os quiosques da beira mar começam a receber os primeiros turistas.
A temporada do verão está prestes a começar.
O natal está próximo assim como o ano novo, e tudo passa muito depressa.
Será que vai chover mais do que o ano passado?
Será que virão os Argentinos?
O verão vai ser quente ou mais ameno?
São tantas perguntas e poucas respostas. O certo mesmo é que com ou sem as respostas a cidade e os moradores enfrentam a nova temporada com esperança e algumas certezas.
Uma das certezas é que a economia da cidade depende do sucesso do veraneio. Outra certeza é que no ano que vem as esperanças serão renovadas. Mais uma certeza: é que sempre foi assim.
Acrescento a essas certezas a de que ainda vai demorar muito para modificarmos este estado de coisas. A mudança mexe com a nossa cultura. E para modificá-la precisa-se de tempo, bastante tempo.
Porém é necessário um início. Quem sabe agora, com um novo governo, um novo ano e quem sabe uma nova mentalidade e um novo modelo. E finalmente, uma nova esperança. ”
Como nada mudou, renovemos, pois, nossas esperanças no porvir.
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Referências

RAUPP, Francisco. Do Alto da Torre.Porto Alegre: Editora Movimento, 1985.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

AINDA DE VOLTA PARA O FUTURO

Na semana passada o filme “De volta para o futuro” completou 30 anos e o mais comentado foram os erros e os acertos da projeção de futuro feita pelo autor e roteiristas na época.
Na média do que vi e li sobre o assunto ficou em 50 por cento os acertos (e consequentemente, os erros) sobre como estaria o planeta em 2015. A grande falha, se dá para dizer isso, foi a não inclusão do celular no futuro. Projetaram, assim como nos “Jetsons” (para quem não sabe este foi um desenho futurista de Hanna-Barbera), um futuro com comunicação através da televisão, nos moldes do telefone fixo. Ou seja, dentro de casa ou no trabalho, mas fixo.
Outro erro foi o carro voador. Este desde minha infância está nos principais filmes e desenhos sobre ficção científica, primeiro já teríamos estes carros no ano 2000, depois ficou para o ano de 2015 e a próxima projeção será para quantos anos? Mais trinta, talvez!
No primeiro filme da série “De volta para o futuro”, Marty McFly (M.J.Fox) volta 30 anos (de 1985 para 1955) e lá, além de outras coisas, vê uma cidade antiga projetando um novo bairro, ou seja, pensando no futuro e em seu crescimento.
Neste contexto eu faço um paralelo com a cidade de Torres, voltemos 30 anos até o ano de 1985 e deste ano até o ano de 1955. Então analisemos os acontecimentos e mudanças no panorama turístico e econômico da cidade. Houve evolução? Tivemos um grande impacto com a chegada no futuro? Nos preparamos para este futuro? Planejamos esta trajetória.
Vamos pensar turisticamente, que é o foco desta coluna. Houve evolução?
Em 1955 (até antes disso, mais ou menos 1940 a 1976) a SAPT, e seus representantes e sócios, direcionavam as ações juntamente com a administração local (Prefeitos), e muito foi feito e projetado para o futuro da cidade. Era a época do forte conceito de veranismo, com o turismo ainda incipiente. Expansão das casas de verão ou segunda moradia, implantação de telefonia, antenas de tv no morro do farol (retransmissoras), desativação do cemitério, também no morro do farol (anos 60), tendas a beira mar, prédio da antiga SAPT e o Grande Hotel Torres.
Em 1985 já tínhamos vivido a explosão do turismo e a construção de muitos hotéis, o parque da guarita (1971), o calçadão (1978) e o asfaltamento de diversas ruas na cidade. Neste período a cidade já iniciava sua caminhada com as próprias pernas, ou seja, com gestões municipais mais independentes de influências externas.
Em 2015 continuamos com tudo o já tínhamos, porém sucateados ou malcuidados. Na orla, o calçadão foi refeito e malfeito, mantendo o antigo piso em uma grande parte do trajeto. O parque da guarita está com ares de abandono, apesar de receber novos banheiros (ficou muito tempo sem) e uma ciclovia que destoa do projeto de Burle Max. Morro do farol e ponte pênsil idem. A beira rio sofreu uma boa modificação desde a construção da ponte sobre o Mampituba (graças a prefeitura do Passo de Torres), mas foram só modificações cosméticas, nada muito estrutural.
A iniciativa atual é dos construtores que investem em prédios modernos com arquitetura diferenciada visando modificar, para melhor, a paisagem urbana.
Não sei o que Torres será no futuro, nem sei se ela continuará sendo uma cidade turística. Na verdade, nem nossos governantes sabem ou projetam isso, simplesmente vão levando. O pior disto tudo é essa crise de identidade. Ou assumimos ser uma cidade turística, que está no nosso DNA ou mudamos. O plano diretor pode ser um destes norteadores de crescimento, mas ainda está sendo feito e podendo ser finalizado até o final deste mandato.

Prefeito vem, prefeita vai e de concreto, muito pouco. Não tivemos mais ninguém que pensasse ou projetasse a cidade para o futuro e ainda não temos. Pensamos apenas o presente, sempre tentando solucionar problemas atuais e/ou antigos não solucionados. Sempre reativamente, nunca proativamente. Quando isso mudará? Teremos que esperar mais 30 anos? Ou quem sabe alguém vá para o futuro em um De Lorean e traga soluções ou alternativas para chegarmos lá um pouco mais preparados.

sábado, 31 de outubro de 2015

NADA DE NOVO NO TURISMO


Já tinha decidido não escrever mais sobre ideias ou aspectos conceituais sobre turismo, visto que tem muita gente falando sobre isso e que também “todo mundo” sabe tudo sobre turismo. Então por que explicar o que todos sabem ou escrever sobre aspectos debatidos sobre turismo em diversas universidades e por diversos autores, se aqui já tem pessoas altamente capacitadas para desenvolver o turismo em alta performance.
Eu poderia, por exemplo, citar alguns secretários e secretárias de turismo que nunca viram na sua frente mais de dois livros sobre turismo (aqui não contam os guias turísticos nem os manuais), mas assumiram “a pasta do turismo” em nosso município. Claro, o cargo de secretário é político e não técnico (infelizmente). E isto explica as atrocidades e atropelos cometidos por vários secretários ao longo dos anos. A culpa não é totalmente deles, muitas destas escolhas foram feitas com a desculpa da governabilidade.
Bem, o fato é que todos que assumem esta secretaria, assumem “achando” que por morar em uma cidade turística já nasceu sabendo tudo sobre turismo e tem todas as soluções na “ponta da língua”.
E resolvem, a cada governo, fazer uma pesquisa sobre a demanda turística a fim de resolver os problemas do turismo local. Só que, como não são técnicos, não sabem o que fazer com os resultados da pesquisa e as engavetam até o final do mandato. Ah! Algumas vezes até divulgam os resultados, mas não realizam nada com base no que foi verificado nas pesquisas.
Agora, mais uma vez vejo que estão fazendo nova pesquisa no município e temo que o final seja o mesmo das outras, pois a secretária de turismo não tem conhecimento técnico na área para definir tecnicamente ações relativas as demandas que aparecerão na pesquisa e além do mais estamos em fim de mandato.
Eu sei que em todos os lugares turísticos, ou quase todos, são empossados secretários de acordo com os acordos políticos e sei também que a secretaria de turismo sempre é aquela que “sobra”, digamos que seja a menos concorrida.
Tanto que o governo Lula, na época não tinha onde colocar a “companheira” Marta Suplici, encontrou no ministério (vago) do turismo o local ideal para a sexóloga.

Por essas e por outras que eu não sinto a mínima vontade de falar tecnicamente sobre turismo em Torres, vou continuar apenas tergiversando.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

NA CALADA DA NOITE 2

No creo en brujas, pero que las hay, las hay! Este é um ditado retirado do livro Dom Quixote de Miguel de Cervantes e parece que combina muito bem com o texto a seguir.
Não é que o seu Alfredinho se manifestou para os caçadores de fantasmas brasileiros! E mais, foi constatado, através da filmagem, uma pessoa andando atrás do vigia do Centro Municipal de Cultura. Esta é uma das duas únicas aparições filmadas pelos caça-fantasmas.
Vi as três partes das filmagens dos caça-fantasmas e confesso que fiquei impressionado com a aparição. Mas não tem como afirmar se é verdadeira ou não. O pessoal que estava lá confirmou que não havia mais ninguém além deles. Portanto o “sujeito” que aparece passeando atrás do vigia não era para estar lá, ou era?
Bem, embora convidado a aparecer pela caça-fantasmas, digamos que não precisava ser tão explícito. Mas o fato é que ele apareceu e se vê nitidamente (demais até para um fantasma) um homem baixo, com as mãos para trás, caminhando lentamente e passando por trás do vigia, enquanto este conversava com a caça-fantasmas.
Isto aconteceu logo no início da visita noturna dos caça-fantasmas ao centro de cultura. Normalmente, estas pessoas que investigam os fenômenos paranormais, possuem várias parafernálias que os auxiliam a identificar, documentar e até se comunicar com os “do além”. Mas os caça-fantasmas tupiniquim vieram só com câmera filmadora e um medidor de Campo eletromagnético, que muito trabalhou “bipando” o tempo inteiro.
Os caça-fantasmas iniciaram seu trabalho pelo hall de entrada do auditório, onde ocorreu a aparição, que eles não notaram no momento da filmagem. Só foram observar a aparição tempos depois ao serem contatados por uma pessoa que viu e os avisou. Ou seja, algo surreal mesmo. Diferentemente de como ocorre com os caça-fantasmas legítimo, os nossos não reveem as filmagens em busca de fatos ou sons que não foram notados ao vivo.
No canto do palco, no mesmo local que estava o meu computador (do fato relatado na semana passada), o medidor de campo eletromagnético bipou freneticamente, indicando alguma presença, que segundo a caçadora de fantasmas poderia ser o seu Alfredinho. Na dúvida, duvidamos!
Outro lugar de destaque foi o corredor que leva aos banheiros, onde várias aparições foram vistas quando o cinema funcionava no local. Muitos bips no medidor ao longo do corredor e um susto no rapaz que filmava. Parece que viu alguém entrando no banheiro, só ele viu!
Enfim, depois de mais alguns bips e conversas com os “ausentes” os caçadores encerraram a caçada, que segundo eles foi muito interessante. E para vocês matarem a curiosidade e comprovar com seus próprios olhos é só digitar “fantasma em torres rs” no Google que aparecerá o link para os caçadores de fantasmas.
Para encerrar este assunto, não posso deixar de contar sobre a outra aparição famosa do centro de cultura: a mulher de branco. A mulher de branco é um clássico em assombração, tem uma em cada recanto do país, mas essa é nossa e autêntica.
Numas destas noites de trabalho, o vigia, estava no salão do auditório e ouviu um barulho de passos do seu lado e indo em direção a porta. Meio atordoado o vigia não pensou muito e correu em direção a porta de saída do salão. Olhou para a porta (de vidro) e viu um vulto branco de mulher correndo em direção ao corredor dos banheiros. Por impulso, ele foi atrás do vulto pelo corredor escuro rumo aos banheiros. Ele ainda ouvia os passos de alguém correndo quando parou em frente a uma porta fechada. Como estava muito escuro, voltou para acender as luzes. Quando chegou ao lado da porta notou que ela estava trancada pelo lado de fora com um grande cadeado, não havia a mínima chance de alguém (vivo) por ali passar.
Contam que o vigia, naquela noite, passou as últimas horas de serviço bem próximo a porta de saída do prédio dizendo: No creo, pero que las hay, las hay!

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

DOADORES DE CULTURA

Não é novidade nenhuma o desinteresse (ou o desleixo, ou a preterição) dos governos federal, estadual e municipal frente a cultura. Como diz a prefeita de Torres: se a crise é no país ou no estado, a crise também é no município. Ou seja, problemas globais são problemas locais. E parece que a preterição a cultura segue a mesma linha de raciocínio. Sempre haverá prioridades à cultura.
Não vou entrar no terreno pantanoso da política partidária, vou apenas falar sobre cultura e sua importância para a sociedade no âmbito global e local. Poderia escrever sobre a cultura e seu poder de mudar uma sociedade, de preservar esta sociedade ou de projetá-la no futuro. Mas vou escrever sobre um livro que virou filme e que servirá de metáfora para esta coluna.
O livro é “O doador de memórias”. Segundo sua sinopse, a autora Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existem dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não há amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente – o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente. Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar. Assim como Jonas, o resto da população deste mundo “ideal” desconhece muitas coisas consideradas não relevantes pelos anciãos que comandam as comunidades (e muitos destes anciãos também não as conhecem). Não vou contar o desfecho do livro (ou do filme) porque vale a pena ler o livro (ou ver o filme). Quero com este exemplo fazer um paralelo com a nossa realidade cultural.
Poderia citar diversos exemplos para ilustrar o escasso interesse dos governos a respeito da cultura no Brasil ou no estado, mas vou apenas lembrar dos casarios açorianos da Júlio de Castilhos, dos cinemas antigos da cidade, dos CTG´s, das bandas, dos grupos de teatro, dos grupos de danças, dos escritores, dos poetas e de tantos outros agentes culturais da nossa cidade que sumiram ou silenciaram com o tempo. Falta de apoio, falta de incentivo, falta de público, falta de “cultura”, falta de memória ou tudo isso junto. Não sei, perdemos. Várias referências sumiram com o tempo, outras surgiram, é verdade, mas com pouco incentivo cada um procura salvar o seu “mercado cultural” do jeito que puder.
Será que nossos governantes (anciãos do livro) nos dão pouco acesso à cultura por desconhecer a sua importância, por preterição ou por simplesmente ignorar sua existência? E a população (comunidades) não têm acesso a cultura porque não sente falta do que não sabe que existe? Ou seja, se desconhece sua existência, não sente falta.
Precisamos de um Jonas que liberte a memória da cultura esquecida no passado ou nem lembrada e mostre com clareza o seu poder transformador. Um Jonas que liberte a cultura em forma de teatro, pintura, livros, danças, tradições regionais, poesias, aprisionadas no fundo de uma memória burocrática e populista que teima em mantê-la longe dos cidadãos.
Enquanto isso não acontece, você que é ligado a área, é agente ou produtor cultural, ou simplesmente aprecia a cultura junte-se ao movimento cultural da cidade através do Conselho Municipal de Cultura e ajude alguns “Jonas” nesta prazerosa, porém difícil tarefa.

Em tempo: Em Torres existem Doadores de cultura (fruto do primeiro Edital do FUMCULTURA) prestando seu trabalho em troca de sorriso, satisfação e conhecimento a serem reproduzidos infinitamente. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

NA CALADA DA NOITE

Muito se falou e ainda se fala em Torres sobre algumas assombrações ou lugares mal-assombrados. Eu sempre gostei destas histórias, desde guri, mas confesso não ser tão corajoso assim para comprová-las ao vivo.
Um fato novo me chamou a atenção um dia destes. Todas as quintas, à noite, faço parte de um grupo que apresenta o Roteiro Turístico Histórico/Cultural Voo da Urucuera no Centro Municipal de Cultura, e uma destas noites, enquanto montava o computador e o projetor, aconteceu algo estranho. Liguei o computador e estava testando o material visual. Tudo certo. A projeção estava aparecendo na tela e estava tudo ok. Volto meu olhar para o computador e troco de lâmina no PowerPoint olho para a tela onde estava sendo projetada e ela estava preta, ou seja, não aparecia nada e o projetor estava ligado. Depois de muito mexer no computador resolvi olhar se o cabo do projetor estava conectado ao computador. Para minha surpresa, não, ele não estava! Ora, mas como projetou na primeira vez? Bem, mas não foi só isso que aconteceu nesta noite, o microfone simplesmente parou de funcionar e voltou em seguida sem nenhuma intervenção nossa. Brincamos com a situação e apresentamos normalmente o Roteiro.
Mais tarde, ao sair, indaguei com o vigia perguntando se ele já tinha visto alguma “manifestação” durante as noites de trabalho. Ele, então, afirmou que nunca viu nem ouviu nada de diferente desde que começou a trabalhar no centro de cultura. Apenas tinha ouvido falar sobre a mulher de branco que foi vista quando ainda funcionava um cinema no local e o já conhecido senhor de chápeu.
O historiador e meu amigo Jaime Batista já tinha me falado sobre um caso que aconteceu com uma oficineira. Ele contou que ela andava pelo corredor do Centro Municipal de Cultura com seu filho e um senhor a interpelou e perguntou onde ficava o banheiro. Ela indicou o local para ele e seu filho olhou para ela e perguntou com quem ela estava falando, pois ele não viu ninguém.
Dizem que é o Alfredinho, um senhor de chapéu (boné) e muito bem vestido e com um jornal embaixo do braço e que já foi visto por diversas pessoas. Ele foi síndico do edifício da SAPT, e pelo jeito continua por lá.
Como bom curioso fui atrás de mais informações sobre os causos sobre as aparições no centro de cultura.
Por acaso encontrei na internet um vídeo de caçadores de fantasmas tupiniquim. Nem sabia que tínhamos isso por aqui. E para minha surpresa eles já estiveram aqui em Torres e sabem onde? No Centro Municipal de Cultura! E quem eles encontraram? Sim, o seu Alfredinho!

Um prato cheio que vou ter que comer pelas beiradas e contar também em partes. Por ser um assunto bastante instigante e com muitas informações uma coluna só não será suficiente. Então, até a próxima!

sábado, 26 de setembro de 2015

PEDALADA NOTURNA

O mundo hoje está pedalando e Torres já entrou também nesta “nova onda”, que não é tão nova assim. Existe um grupo de “pedaladores” que estão em plena atividade pelas ruas da cidade e até pelo interior.
Novidade são os passeios noturnos, as famosas pedaladas noturnas.
Claro que isso não foi inventado aqui em Torres, mas pedalar a beira dos rochedos ouvindo o mar ao fundo: só aqui! O que Saint-Hilaire fez no lombo de um cavalo, hoje o fazemos no lombo de uma “magrela” e iluminados por modernas lâmpadas de led. Paisagens antigas renovadas pela forma e não pelo conteúdo.
Várias cidades do mundo inteiro estão proporcionando aos turistas e moradores as bicicletas compartilhadas. Este serviço, ajuda no desafogo dos centros urbanos, além de ser saudável e econômico para todos, turistas ou não.
E não tem como falar em bicicleta e cidade turística sem lembrar de Amsterdã (400 km de ciclovias), a cidade da bicicleta. Em toda a Holanda existem pelo menos 20 mil quilômetros de ciclovias e trechos adaptados para um passeio seguro sobre duas rodas. Como a “magrela” é um meio de transporte para muita gente, há serviços de aluguel por toda a parte em hotéis e hostels, e as estações de trem dispõem de bicicletário.
Chegando um pouco mais perto, logo ali, em Porto Alegre, existe o sistema de aluguel de bicicletas compartilhadas que funciona há 3 anos e soma quase 157 mil pessoas cadastradas e mais de 70 mil delas utilizando o serviço com regularidade. O preço pelo serviço está entre R$ 5,00 a R$ 10,00 e quase 700 mil viagens foram realizadas desde a implantação do projeto. Atualmente, o sistema soma 40 estações e 400 bicicletas. Neste mês está encerrando o contrato com a atual prestadora do serviço, mas a prefeitura da capital prometeu dar continuidade ao serviço.
E aqui? Bem, já tivemos, há alguns anos, um serviço de aluguel de bicicletas com vários lugares, mas não sei por qual motivo, encerrou suas atividades. Atualmente, a Aguatá Turismo, uma agência de turismo local oferece este serviço e além disso promove passeios noturnos pela cidade e diurnos pelo interior do município em cima das “magrelas”.
Para encerrar este assunto, uma pergunta é necessária. Qual é a diferença entre pedalar no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo? E a resposta é: a quantidade e a qualidade das vias, ciclovias. Diferentemente do Brasil, alguns países já estão bem desenvolvidos em relação a ciclovias tendo maiores extensões como por exemplo a cidade de Nova York 675 km ou Berlim 750 km.
No Brasil, Brasília, se destaca com 440 km de ciclovias, seguido do Rio de Janeiro com 374 km; São Paulo, com 265,5 km; Curitiba, com 181 km; Fortaleza, com 116 km; Campo Grande, com 90 km; Teresina, com 75 km; Florianópolis, com 57 km. Porto Alegre aparece com míseros 21 km, menos da metade de Florianópolis, e Torres conta com cerca de 2 km de uma improvisada ciclovia a beira mar e outra, também com 2 km, em volta da lagoa do violão.
Claro que é covardia comparar com as outras capitais brasileiras ou do exterior, porém seria um grande diferencial para a cidade ter um bom número de ciclovias ligando pontos turísticos com o centro da cidade. Isso ajudaria a melhorar a mobilidade urbana e integraria ainda mais o turista e o morador local com a natureza.
Mas existe um diferencial maior: o respeito e a educação. Bastante lá fora e ainda imperceptível por aqui.

Enfim, andar de bicicleta não depende de idade cronológica, depende da idade mental. Em cima delas todos se sentem crianças, mesmo já tendo passado bastante da fase. Então, aproveite esta onda e venha pedalar!

TELEFONE FIXO

Tanta coisa que existe hoje, e sentimos falta, há 30 ou 40 anos só a ficção científica imaginaria. Internet, celular 4G, wi-fi, teleconferência são novidades da comunicação que não têm similares no passado.
Eu sou do tempo do telefone fixo. Sim, ele ainda existe, embora só nós com mais de quarenta, digo cinquenta, ou outro “enta” ainda o use. Pois é, telefone fixo já foi alta tecnologia num passado nem tão remoto assim.
No dia 27 de agosto participei do encontro “14º Conversando com a História” e lá estiveram os pioneiros da hotelaria de Torres. O senhor Mário Raupp e sua filha Clarissa Raupp, representando o Hotel A Furninha; o senhor João Souza, representando a gastronomia nos hotéis; O senhor Antônio Pozzi, representando o Hotel Farol; a senhora Lucila Munari Rezende, representando o Hotel Beira Mar; e o senhor Danilo Quartieiro, representando o Dunas Hotéis. Foi uma bela aula de história local, principalmente sobre a vocação da cidade: o turismo. E mais uma vez vi o descaso dos torrenses com sua história. Poucas pessoas participaram deste evento, uma pena. Os “hoteleiros” da cidade perderam uma grande oportunidade de aprender muita coisa com a experiência e o pioneirismo destes antigos hoteleiros.
Mas, voltando ao tema telefone fixo. Na conversa com a história alguém lembrou uma das histórias do Hotel Farol, em que um cliente pediu para um familiar ligar para o hotel e reservar um apartamento e ele, sem esperar, seguiu viagem. Na chegada em Torres, ficou sabendo não haver vaga no hotel e tampouco tinha alguma reserva em seu nome. Ou seja, ele chegou em Torres e sua ligação ainda não tinha sido completada. Não, não se trata de um carro muito rápido. Contam que naquele tempo se pedia uma ligação pela manhã e a atendente, chamada de telefonista, só retornava a ligação a noite, era um dia inteiro para conseguir fazer uma ligação.
Naquele tempo o telefone fixo não tinha a agilidade de hoje, não gravava recados (mais tarde apareceu um outro aparelho que se colocava junto com o telefone e este sim gravava os recados, que podiam ser ouvidos quando o dono voltasse para casa), não tinha bina, nem o monte de serviços agregados e cobrados do usuário atual. Sim, ele servia para se comunicar. Primeiro se falava com alguém do outro lado da linha para esta pessoa fazer a ligação. Após se aguardava para a telefonista ligar para você e aí sim “completar” a ligação. Com o tempo a discagem começou a ser direta, ou seja, você mesmo fazia a sua ligação, sem intermediação de ninguém!
Os hóspedes (turistas) de antigamente ficavam um mês no hotel e faziam estas reservas todos os anos. Os hotéis tinham famílias como clientes que sempre voltavam e isso garantia verões sempre com lotação máxima nos poucos hotéis que Torres oferecia. E a comunicação dos hóspedes com seus familiares em outros lugares era feita através do telefone fixo dos hotéis (os poucos que existiam). Ah! Não era todo mundo que tinha um. Isso demorou muito para acontecer.
Diferente de hoje, não!
Esta semana vi um esquete da turma do “Porta dos fundos”, onde vários amigos preocupados vão até a casa de um deles supostamente desaparecido: o Raul. Ao encontrá-lo em casa um dos amigos pergunta o que aconteceu, pois estava preocupado porque tinha enviado um e-mail há duas horas e não tinha recebido nenhuma resposta. O assustado Raul diz que tinha ficado longe do computador, lendo um livro. O amigo argumenta que tentou comunicar-se pelo Face, twitter, whatsapp, instagram, e nada. Raul diz que deixou o celular desligado. Quem é que deixa um celular desligado hoje em dia, argumentou outro amigo. E Raul tenta seu último argumento: Ninguém ligou para o telefone fixo. Todos espantados dizem: Quem é que hoje usa telefone fixo?

Excêntrico, é hoje só excêntrico!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

SPLIT NA PRAIA

Há alguns anos um colega comprou um ar condicionado para sua casa, entrando para a era do “Split”. Que legal, constatei. Porém, para minha surpresa ele comprou um modelo apenas frio, ou seja, para refrescar, não aquece. “Para quê quente e frio, só uso no frio mesmo”, disse ele. Não questionei, mas pensei: porque alguém compraria um ar condicionado para ser utilizado no máximo três meses por ano? Não sei se ele se arrependeu, não perguntei.
Faço a comparação da atitude do meu colega com os restaurantes de Torres. Cada vez que eu e minha família vamos a um restaurante da cidade enfrentamos um problema (tanto no inverno quanto no verão): o ar condicionado. Não fiz uma pesquisa, nem informalmente, para saber se mais pessoas sentem o mesmo desconforto. Esclarecendo: o ar condicionado no verão ou no inverno está ligado no frio! No verão no frio glacial e no inverno no frio perto do glacial. Será que estes donos de restaurantes compraram os “Splits” só frio como o meu colega? Quem sabe uma temperatura mais amena em todas as estações e principalmente no inverno, não seria mais confortável para os clientes e mais econômico para os proprietários? O que seria uma temperatura amena? Vinte, vinte e dois graus ou algo parecido. Para alguém almoçar ou jantar com conforto não pode passar frio nem calor demais.
Lá vem a comparação de Torres com o ideal de cidade turística - Quando você vai a Gramado no inverno, por exemplo, você quer entrar em um lugar que esteja “quentinho”, agradável, aconchegante. Lareira, aquecedor ou mesmo ar condicionado (no quente), o frio fica para o lado de fora fazendo parte do cenário e não como ator principal neste contexto. Os restaurantes trabalham com o serviço do tipo slow food (chego... pediu... esperou... conversou... comeu... conversou... bebeu... conversou mais um pouco... pediu a conta... esperou... pagou... saiu) tudo isso com muito conforto.
Aqui não. Aqui é praia tem que ser tudo com portas abertas entrando bastante vento e frio e o ar condicionado bem gelado para harmonizar com a rua. E os pinguins, digo clientes, tem que sair de casa com o máximo de agasalho, senão congelam.
Não quero acreditar que em uma Cidade Turística como Torres, os donos de restaurantes não estejam preparados para atender seus clientes na estação que eles vierem. Por exemplo, no verão ligar o ar condicionado no frio, porém com o intuito de refrescar e não “congelar o freguês”. Nas outras estações, vale a pena observar o clima interno e manter uma temperatura, como já disse, amena.
Pode ser que alguns restaurantes queiram atender do tipo fast food (chegou-pediu-pagou-comeu-saiu), resfriando o cliente até o ponto de ele desistir e sair para dar lugar ao próximo. Esta é uma boa artimanha, porém cara, e não acho que seja de propósito. Mas que é um despreparo, ah isso é!

Ah! Não, ainda não perguntei como meu colega se aquece no frio do inverno com o seu Split frio, mas posso perguntar para os donos dos restaurantes de Torres: E aí, vamos poder sair de casa no inverno, ou não?

sábado, 19 de setembro de 2015

O PRIMEIRO MARQUETEIRO

O primeiro marqueteiro de Torres foi um Zé que divulgava seu negócio através de panfletos. Mas não era um “zé qualquer” ou “zé ninguém”, tinha nome e sobrenome de peso: José Antônio Picoral. Foi ele que em 1915 empreendeu o seu Balneário Picoral e iniciou o turismo de sol e mar na pacata vila de Torres.
De suas viagens pela Europa, trouxe uma novidade: a divulgação através de folhetos. Picoral criou seus folhetos com criatividade e grau de detalhamento compatíveis com os padrões atuais. A logística utilizada foi muito bem executada, distribuiu seus folhetos na capital da província (Porto Alegre) e nas principais cidades do interior. A partir do folheto seu filho, o Zequinha, desenvolveu um filme que era apresentado antes das principais sessões de cinema da capital.
Marketing perfeito. Os famosos 4 P’s (muitas vezes desvirtuados por invencionistas para 6 ou 8 P’s) lá estavam: Produto, Preço, Praça e Promoção.
Para quem não está familiarizado com estes termos, eu explico. Como Promoção, Picoral utilizou os folhetos e o filme, além do boca a boca e propaganda em jornais da época. Como Praça (Distribuição), ele a determinou através da veiculação e distribuição, pois escolheu a Capital e as principais cidades do interior como domicílios do seu público alvo. O Produto era o próprio hotel e seus serviços. Balneário Picoral, um hotel modelo para a época, um resort dos dias de hoje. Possuía as três refeições incluídas na diária e até café da tarde, Chalés a beira mar, Salão de festas, barbearia, sorveteria, bar, lavanderia, enfim tudo que o hóspede necessitasse. E, claro, tudo isso direcionado para o hóspede classe A, seu público alvo. Quanto ao Preço, pelo que se sabe era compatível aos padrões do hotel e de seu público bem definido.
Lembro este pioneiro em marketing para falar sobre outras formas de promoção de vendas que vejo pela cidade de Torres na atualidade. São apenas dois exemplos que vou comentar esta semana: Os carros de som, guias comerciais e os panfletos.
Os carros de som são mídias invasivas e desconfortáveis aos ouvidos de todos, inclusive dos que a fazem. Em Torres, são vários carros (legalizados ou não) desfilando principalmente pelas avenidas comerciais e ensurdecendo compradores e lojistas (muitos deles com seus próprios anúncios).
Os guias comerciais não são invasivos, mas seus promotores sim. Diariamente aparece um nos comércios da cidade convidando a participar.
E, por fim, os panfletos. Estes entopem as portas comerciais e residenciais diariamente, além de estarem presentes como encarte nos jornais locais.
Os carros de som e os panfletos são mídias imediatistas e levam ao consumidor informações descartáveis, ou seja, a pessoa escuta ou vê e se não interessar descarta na hora. Hoje estas duas mídias têm mais desvantagens que vantagem, pois mais incomodam do que passam seu recado, poluem a cidade com barulho e entulho e duvido que alguém comprove (através de pesquisa) sua efetividade.
O guia comercial, é para longo prazo, porém com a internet e o google, ele está praticamente condenado a ficar no fundo de uma gaveta qualquer.
O que quero dizer é que, assim como Picoral, em seu tempo, inovou trazendo novas mídias para divulgar seu negócio, nós torrenses podemos e devemos buscar alternativas inovadoras para fazer o mesmo.
O panfleto (folheto) e o filme comercial lá em 1915 eram novidades, hoje, a internet com as mídias sociais, são a grande novidade (já nem tanto). Daqui a pouco surgirão novas formas em novas plataformas e as empresas irão aos poucos migrando para elas.
Hoje vejo várias empresas torrenses utilizando as mídias sociais e tendo bons resultados, porém a maioria ainda não se adaptou a este modelo e continua buscando soluções nos modelos antigos.

Por isso, infelizmente nossa cidade continuará por longo tempo barulhenta e cheia de papel para reciclagem. 

CUSPI E GIZ


Bem, era assim antigamente! E parece que pouca coisa mudou. Professores bons e não tão bons, também continua igual. O ensino fundamental e o médio, são os mesmos de antigamente, só com nomes diferentes. O superior está cada vez mais parecido com o segundo grau de antigamente (hoje ensino médio) e transformado em um grande negócio. O modelo é ruim desde sempre. Não tem muito que evoluir mesmo, tem é que trocar. Porém isso demandaria muito trabalho e altos custos, o que não interessa a governos nem a donos de escolas (universidades, cursinhos e outros).
Então vamos ao passado, por exemplo: Não lembro de nada mais “tecnológico” na educação, no meu tempo de primário (ensino fundamental), que o quadro “verde ou negro” e giz. Cartaz e mapa eram diferenciais tecnológicos que ilustravam algumas aulas, e só. Fui conhecer um retroprojetor na faculdade. Naquele tempo (40 anos atrás) existia o mimeógrafo (alguém lembra?) e máquina de escrever (datilográfica, é existia até curso para manejá-las) como auxiliares na produção de material disponibilizado ao alunos. E hoje o que mudou? Na prática, nada. Trocamos o mimeógrafo pela máquina de “Xerox”, a máquina de escrever pelo computador e o retroprojetor pelo Datashow (Projetor multimídia). Ah! O quadro negro ou verde pelo branco e o giz, pelo pincel (caneta para quadro branco), só!
E o aluno mudou? Sim, e muito. Antigamente o que o professor dizia era lei, verdade inquestionável: ele era o detentor da informação e da sabedoria. O aluno tinha total respeito pelo professor (via de regra), claro que também existiam os mais “levados”, mas o problema sempre era resolvido com uma “passadinha” na direção ou nos “apoios” ao aluno.
Hoje o aluno além de não ser mais o mesmo de antigamente, ele está mais inquieto, espera respostas mais rápidas, não quer perder tempo. Antes o acesso a informação era complicado, hoje está mais fácil e rápido, existe mais tecnologia aplicada em tudo que utilizamos. Agora o aluno pode ter um computador na sua mão com acesso a qualquer informação na hora que quiser. O professor afirma alguma coisa sobre determinado assunto e o aluno confere no mesmo momento podendo contestar ou não a informação. Isso me lembra uma propaganda que está sendo veiculada na televisão onde uma repórter fala ao vivo sobre o tempo e um rapaz que está passando no mesmo instante contesta dizendo que vai chover, contrariando a informação dela, e fundamentado no que ele está vendo no celular online. Claro que o aluno também mudou no sentido de respeito ao professor e seguidamente vemos manchetes sobre professores agredidos por alunos.
Isso contrasta com a atitude de vários professores da universidade local, que solicitam trabalhos manuscritos, por que, segundo eles, impediria o famoso “copia e cola” da internet. Ora, se o “perigo” de copiar e a falta de confiança nos alunos for tão grande, quem sabe, esses professores ao invés de culpar a facilidade da internet por sua incompetência ou despreparo, poderiam trocar esses trabalhos por uma boa discussão em grupo e na sala de aula, que certamente seria bem mais proveitoso para todos.
Como disse, não dá para mudar tudo isso já, mas podemos começar pelo nosso meio, mais próximo e quem sabe a longo prazo teremos mudanças mais significativas.

Aulas criativas e com conteúdo podem motivar os alunos e mantê-los em sala de aula, aulas enfadonhas e sem novidades os fazem estar presentes apenas com o corpo.

NAUFRÁGIOS

 “A costa do Rio Grande do Sul, em decorrência das freqüentes tempestades, dos bancos de areia e do nível médio do mar, inferior a 20 metros de profundidade, próximo à praia, levaram a batizá-la como o ‘Cemitério dos Navegantes, onde se encontram muitos navios naufragados”.
Conversando com amigos, jovens há mais tempo que eu, fui lembrado do episódio do naufrágio do cargueiro Avahy nos recifes da ilha dos lobos. Recordavam-nos das latas de pêssego em calda, com ou sem caroço (podiam escolher) que aportavam na costa da praia grande. Também se lembraram dos fardos de lãs que para serem aproveitados ficavam dias a secar ao sol. Há, tinha também as latas de azeite que, dizem, sustentaram por anos as fritadas de peixe de muitos torrenses e vizinhos do Passo de Torres.
Eu lembro apenas dos destroços do cargueiro que da praia se via e que com o passar dos anos foi desaparecendo até se despedaçar por completo. Para mim só havia acontecido este naufrágio em Torres. Pois estava enganado, Roberto Venturella, autor do texto acima, em seu livro A história do farol de Torres enumera outros dez naufrágios situados entre Torres e Cidreira até 1963.
Destaca, Venturella, os dois mais recentes: Rebocador São Pedro em 27/6/1946 e o Navio Mercante Avahy em 15/3/1960.
“O navio registrado na capitania de São Francisco do Sul, em SC fora fretado para rebocar duas chatas (embarcação de estrutura resistente sem propulsão, utilizada para transporte) de Rio Grande a Itajaí. Quando navegava entre Tramandaí e Torres, desabou violenta tempestade. Ondas enormes assolaram as três embarcações, fazendo com que as amarras das chatas arrebentassem, ficando a deriva. O comandante Rui Fornier Luz não conseguindo recolhê-las, rumou para Laguna, de onde retornou para iniciar novas buscas. Nesta ocasião, navegando a 15 milhas da costa de Torres, sofreu intenso temporal, desorientando o navio, apesar dos esforços de sua guarnição, que de tudo fizeram para controlar o leme. O rebocador encalhou nas imediações da praia do Paraíso a 18,5 quilômetros de Torres”.
Neste naufrágio duas pessoas morreram o comandante e seu imediato, os outros tripulantes nadaram até a costa onde foram resgatados.
O Avahy, segundo Venturella, cargueiro nacional pertencente à empresa de cabotagem Transmar, navegava de Rio Grande a Santos. Confirmando a informação popular, o navio levava lã, óleo de soja e de linhaça e outras mercadorias. A tripulação foi salva graças aos pescadores da região.

Neste ano o primeiro farol de Torres completaria 100 anos se tivesse resistido ao tempo. Outros três, em 1928, 1952 e 1993 cumpriram o papel de iluminar o caminho dos navegantes pela costa torrense. Assim como a importância dos faróis o trafego de navios não é mais o mesmo de antigamente. Quem sabe seja este o motivo de felizmente não acontecer mais naufrágios.
Lembro estes dois episódios de naufrágio porque fazem parte da memória local.