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terça-feira, 27 de novembro de 2018

INVESTIMENTO PRIVADO NO MEIO TURÍSTICO


É com grande satisfação que vejo que na falta de investimento público (ou seria inoperância) no principal “filão” do município – o Turismo -, a iniciativa privada comparece com ideias e dinheiro (Recursos e/ou Projetos).
Alguns exemplos desse investimento privado no fomento do turismo são o Vinodeiro (Festival de Vinho e Cordeiro), no ano passado, o letreiro turístico da prainha, o evento MaraTorres, neste ano, todos promovidos pela ACTOR (Associação dos Construtores de Torres) e, aparentemente, com o“apoio” da prefeitura. A feira do Livro, que já ocorre há anos, também tem a iniciativa de empresa privada, no caso o SESC, também com o “apoio” da prefeitura.
Estes são os mais recentes, ainda havia os mais antigos como o Carnaval de rua, a Decoração Natalina e a Decoração de Páscoa, todos promovidos por comerciantes e entidades de classe, e “apoiados” pela prefeitura. Como se vê-esta falta de iniciativa não é exclusividade da atual gestão.
Sempre se falou que o governo municipal não tem dinheiro para investir nos equipamentos turísticos (pode ser verdade, não totalmente) e que este papel deveria ser dividido entre a sociedade e o poder público. Certo, também concordo. O que falta são mais ações do governo municipal nesse sentido. Não esperar por ideias e dinheiro da sociedade e sim ser o promotor destas e o propositor das parcerias. Não apenas entrar como apoiador, ser o principal agente.
Como já disse várias vezes, se falta dinheiro não pode faltar criatividade e principalmente planejamento.
Dia destes teve um evento nas “Quatro praças” (Praça dos Cavalos ou Praça João Neves da Fontoura, que é o seu verdadeiro nome, que se tratava da autorização ou formalização de um Termo de Cooperação entre a Associação dos Condôminos da Praça João Neves da Fontoura, a construtora R Dimer e a Prefeitura Municipal.
O acordo consistia na pavimentação do entorno das quatro praças com blocos de cimento. O interessante deste acordo é que a Associação (na verdade, os Condomínios do entorno) entrava com a maior contribuição, visto que o benefício maior é supostamente para eles (os condôminos). Uma parte, pequena, a R Dimer contribuirá para a pavimentação e conservação das praças. A prefeitura, convidada para participar, contribuirá com a autorização, esgoto pluvial e remoção das pedras irregulares.
A bela iniciativa proposta pela Associação dos Condôminos da Praça Joao Neves da Fontoura só poderá ser ofuscada se insistirem em fazer algumas intervenções pouco convencionais nas praças.
A princípio serão colocados alguns “monumentos” em cada uma das quatro praças como contrapartida ao investimento da construtora. Um destes “monumentos” deverá ser uma interessante homenagem a origem das praças – os cavalos – na forma de uma estátua.
Maravilhosa e embelezadora ideia. Os outros “monumentos” é que trazem um pouco de preocupação. Embora aprovado por “todos” os condomínios do entorno, os detalhes da “monumentização” da praça não ficaram muito claros e suscitaram algumas interpretações que assustaram alguns moradores.
Uma das ideias, era a de colocar as bicicletas de aluguel, o que foi aparentemente descartada. As outras duas, que foram aventadas indicavam para um letreiro turístico (nos moldes daquele da prainha), e um banco “gigante” de praça (igual aquele próximo a entrada do trevo para a Ulbra).
As “alegorias” poderão atrair muitos curiosos para o local, tendo aspectos positivos e negativos ao mesmo tempo, uma vez que a praça, a princípio, não se destina ao turismo, mas sim ao lazer dos moradores e veranistas (não confundir com turistas).
Esperamos que o bom senso impere e que não transformem as praças, tão bem geridas durante anos, em um depósito de bugigangas de gosto duvidoso.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

FÉRIAS NO PARAÍSO


Tão ou mais difícil como projetar o futuro, é descrever o passado. Claro que alguns fatos, locais ou acontecimentos passados já foram descritos com detalhes impressionantes, porém outros faltam fontes, documentos, datas...
Ao olhar fotos antigas eu sempre tento imaginar como seria todo o resto que não estava contido naquele pedaço de papel. E da mesma forma, lendo alguma descrição histórica, imagino como deveria ser aquele local tão ricamente exposto.
Viajantes vindos pela estrada de laguna, atravessando as correntezas do Mampituba em direção as três grandes torres que adentram o mar...
Imaginar, completar, materializar nem que seja numa pintura ou desenho, o que foi descrito ao longo dos anos sobre a vila de Torres, e assim observar e admirar. Talvez as primeiras descrições lembrem aquelas praias desertas que muita gente adoraria passar suas férias ou o resto de suas vidas. Essa poderia ser a Torres de 1500, algo bem próximo da descrição de um paraíso aqui na terra.
Em uma crônica do historiador Ruy Ruben Ruschel, há uma descrição de como poderia ter sido nossa cidade na época do descobrimento do Brasil.
Ruschel tenta visualizar a região a partir de três fatores básicos: as areias, o lençol freático e as matas. Iniciando pelas areias ele descreve que a faixa plana de praia só existia até onde a maré chegava, o que concentravam ali mesmo as grandes dunas, deixando a Praia Grande, Praia da cal e Praia da Itapeva bem mais estreitas do que hoje.
“Logo atrás dessa linha estreita, mole e ondulada de praia é que se concentravam, em grandes dunas, quase todas as areias Torrenses. Formavam dunas enormes, até 20 m ou mais de altura, alinhadas em poucos bastidores, ocupariam os espaços agora do calçadão da beira-mar e das primeiras quadras na praia grande e da Cal.”
Já o lençol freático, há cinco séculos, ficava bem acima do presente, estendendo pelas planícies Torrenses que viviam encharcadas. Os pantanais iam desde às margens do Mampituba até a encosta da Itapeva, e também daí para o sul.
“Paralelos ao mar, esses banhados começavam logo atrás das grandes dunas e às vezes tinham 1km ou mais de largura.  O primeiro deles vinha desde a atual ponte pênsil até a extremidade norte da Lagoa do violão (Ronda) com desenvolvimento ao longo das margens do Mampituba (Potreiro).”
Pelo descrito, as terras da atual cidade e de seu entorno eram encharcadas e cobertas de tiriricas, povoada de jacarés, lagartos, cobras, capivaras, pacas, garças, marrecas migratórias e tantos outros animais de pântano.
O terceiro grande fator da paisagem torrense de outrora, segundo Ruschel, foi a presença dominante da Mata Atlântica.
“Nas Torres, a floresta encontrava condições de desenvolvimento até onde, abrigada dos Ventos marítimos (vento Nordeste predominante e o Vento Sul), grandes capões havia na hoje Cidade Alta, nas encostas do Morro do Farol, nas Furnas da guarita e na torre do Sul, bem como na Itapeva. Até mesmo entre a Falésia do Morro do farol e o mar se tinha desenvolvido uma réstia de mato abrigada pelas enormes rochas que ali existiam.”
Este era, mais ou menos, o cenário por volta de 1500 e que deve ter permanecido assim até por volta de 1800, quando, finalmente, começaram a acontecer alguns fatos relevantes nesta região.
A região de Torres, em 1777, começou a deixar calmaria de lado e o paraíso foi alterado, Jacob (Jaques ou Diogo) Funck, ergueu no alto da torre norte o primeiro fortim em defesa do continente de Rio Grande de São Pedro. O Fortim São Diogo das Torres foi construído na subida do Morro do Farol, próximo ao prédio da escola abandonada. Composto por duas amuradas de terra em ângulo, com 300m de comprimento, e dois canhões apontados para o norte, o fortim oferecia esta frágil defesa do continente. Aqui no extremo da mansa e tediosa planície costeira gaúcha, um fortim em defesa da invasão castelhana que nunca aconteceu.
Mais tarde, em 1822, o fortim já desaparecido, foi reerguido pelo Cel. Francisco de Paula Soares de Gusmão com o nome de “Baluarte Ipiranga”. Tão frágil como o primeiro
Em 1839, de acordo com Ruschel, a vila das Torres tinha uma única via transitável assim descrita:
“...um longo desfiladeiro entre um dos montes que dão nome àquele lugar e um grande paul (alagadiço), então invadeável.”
Este caminho existia desde os tempos mais remotos, era a trilha utilizada pelos índios (cariós e arachãs) que aqui habitavam. Naquela época já era o único caminho pois pela beira-mar havia uma quantidade enorme de rochas que obstaculizavam a passagem pela beira mar, pela lagoa existiam os perigosos banhados e pelos morros existia o incômodo de subir e descer.
Além deste caminho, nessa época, já existiam a casa denominada de número um, pertencente ao Alferes Manoel Ferreira Porto, e a igreja Matriz de São Domingos das Torres. E conforme descreveu Ruschel as condições de sanidade da população torrense não eram muito boas. A maioria das famílias moravam na zona rural, em casas pobres no meio das suas roças e campos.
O entorno do hoje centro histórico da cidade foi descrito como quase deserto, muita areia, mato e poucos moradores.
“O terreno é como o resto antecedente, de praias e falto de matos e pastos. Não tem moradores, só uma casa de registro, situada nas ditas Torres, que tem um Cabo de Esquadra com dois soldados da Cavalaria Ligeira. Antes de chegar ao campo das Torres passa-se por cima de um pequeno morro, a esquerda do caminho, está uma pequena casa que é da família do tal Cabo de Esquadra.”
“Pela esquerda, o terreno, muito pantanoso, tem bons matos e boas madeiras. Em cima do dito morro, na parte que faz frente ao norte, há uma bateria, sem artilharia, fabricada de terra, com quartéis nos quais estiveram cinco Companhias do Regimento de Santos, pelo tempo da Campanha. O resto do caminho é de praias, não tem pastos, nem matos que prestem, nem moradores.”
Nesta época, os moradores desta região eram poucos índios e mestiços que restaram dos prisioneiros de guerra trazidos para trabalhar nas obras da igreja, imigrantes açorianos que vieram de Desterros e Mostardas para a primeira colonização (1777) e os 422 imigrantes alemães que vieram em 1826. De acordo com o recenseamento da época (1826) o total de moradores do distrito era de 1120 pessoas, sendo 675 homens e 445 mulheres.
Esse era panorama da cidade de Torres e região a partir de 1800, quando iniciou-se a mais contundente colonização do centro urbano e rural.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

WENDROTH, O DEBRET DOS PAMPAS


Tons claros contrastados com o forte azul do mar e suaves tons terrosos dos penedos. Duas das famosas torres que dão o nome a cidade estão representadas na aquarela de Wendroth, bem como a guarita e uma pequena formação rochosa que aparentemente existia entre elas.
Assim como Pelichek, Wendroth retratou a vila de Torres em sua esplêndida, e ainda pura, beleza. Isto aconteceu, talvez, entre os anos de 1851 e 1852 quando por aqui passou e registrou, com seus pinceis, os cenários do Rio Grande do Sul oitocentista, deixando-nos como legado um importante acervo iconográfico.
Hermann Rudolf Wendroth, alemão vindo para o Brasil logo após 1850 para lutar contra Rosas, o tirano argentino. Ele aportou por aqui com um grupo de alemães conhecidos como brummers que significa resmungões. Além de Wendroth, vieram outras figuras que fizeram história pelo solo gaúcho contribuindo de maneira apreciável para o enriquecimento científico e cultural do Rio Grande do Sul e do Brasil: Carlos Von Koseritz, na defesa dos direitos políticos dos imigrantes, o Barão Von Kahlden, Wilhelm Von Ter Brüggen e Frederico Hänsel que foram membros da Assembleia Provincial do Rio Grande do Sul; Franz Lothar de la Rue, primeiro diretor da colônia de Teutônia; Carl Otto Brinckmann, jornalista em Santa Maria; Carlos Jansen, jornalista em Porto Alegre.
Wendroth, além de combatente, era um artista amador e produzia, também, pequenos textos.
“Seus desenhos e aquarelas significam para o Rio Grande do Sul o que Debret é para o Brasil. Há esboços e pinturas de Wendroth que dão uma ideia muito exata do Rio Grande entre 1850 e 1860. Flora e fauna são revelados, mas sobressai o registro dos usos e costumes: índios atravessando rios em pelotas de couro em que acomodavam família e pertences, o uso do laço e das boleadeiras, cenas de negros sendo castigados por escravos acorrentados, carretas e embarcações da época, tudo com muita minudência”.
Claro que a comparação entre Wendroth e Debret é um tanto, se não muito, esdrúxula, porém seus registros são documentos que comprovam com riqueza de detalhes os usos e costumes daquela época no Rio Grande do Sul da mesma forma com que Debret os retratou em relação ao Brasil. As diferenças aqui ficam na importância dos artistas e na missão de cada um. Debret, um reconhecido artista francês, vindo para o Brasil em missão artística, e Wendroth, um artista amador e mercenário, vindo em missão bélica.
O primeiro, e mais famoso, ainda publicou grande parte de sua obra na sua volta à França. O segundo, o brummer, teve seus trabalhos confiscados pelo exército após sua deserção e posteriormente surrupiados por um certo F. A. Buhlmann que os ofereceu a Dom Pedro II dizendo ser de sua autoria.
Embora não publicados, por vias tortas, os trabalhos de Wendroth foram reconhecidos e valorizados após chegarem as mãos do imperador. Ainda que Buhlmann tenha tentado vendê-los como seus, o verdadeiro autor foi facilmente e para isso cooperou Sofia, uma das retratadas eleitas pelo pintor e que invocava seu nome.
Outro aspecto a ser destacado em comparação a Debret e a outros artistas-viajantes, é que os desenhos de Wendroth não são complementados com comentários explicativos, mas apenas com legendas em alemão. Este pode ter sido um fator que contribuiu para o pouco conhecimento do seu álbum, posteriormente publicado.
“Wendroth pintou vários rostos femininos, legou-nos cenas inusitadas como a de soldados com as calças a meia-canela atravessando um banhado ou de uma batalha em que oito soldados alemães teriam posto a correr um batalhão da guarda nacional usando os urinóis como armas em hospital de Pelotas. Aventureiro, explorou ouro no burgo de Lavras e pintou mineiros em atividade a céu aberto, bem como um rancho a que chamou “minha residência” em Lavras. Fez um estudo das rochas e da presença do metal na região, bem como sobre o carvão de pedra no Rio Grande do Sul. Valorizado pelos ministros do imperador, as imagens de Wendroth passaram a figurar no Museu Nacional.”
O indisciplinado bummer alemão teve um fim desconhecido, presume-se que tenha falecido por volta de 1860 em Porto Alegre ou em Buenos Aires, um fim tão rabugento quanto ele próprio!
FONTE: Jornal Zero Hora, de 12 de agosto de 2010;A Iconografia de Viagem de Hermann Rudolph Wendroth sobre o Rio Grande Oitocentista. Maria Angélica Zubaran;
 http://www.sulrural.com.br; http://www.wikiwand.com; Cardoso, Eduardo. A Invenção de Torres. Unisinos, 2008.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

O FIM DAS LIVRARIAS!?


Duas das grandes livrarias do Brasil, a Saraiva e a Cultura, estão em recuperação judicial, a Fnac, com as operações no Brasil vendidas para a Livraria Cultura, fechou. As pequenas livrarias vivem de fontes alternativas. O que estará acontecendo, será mesmo o fim das livrarias?
Mais uma vez a feira do livro de Torres teve diversos lançamentos de livros de autores torrenses. Como sempre, ela foi um sucesso. Mas um sucesso “virtual” pois sabemos que cada vez mais o brasileiro lê menos, e por consequência compra menos. Embora o livro seja um dos meios mais utilizados para se adquirir cultura, o seu preço, muitas vezes, força o leitor a trocá-lo por outras opções. Aqui também não é diferente, assim como não são diferentes as dificuldades na comercialização desses livros.
As feiras de livros são uma espécie de livraria itinerante, que levam o livro ao “povo”, já que ele (o povo) não vai até lá (na livraria). E assim como incentivadora, a feira, foi sendo replicada em diversos municípios tendo como inspiradora a mais antiga do Rio Grande do Sul: a Feira do Livro de Porto Alegre.
Bem, mas o assunto aqui não são as feiras e sim os livros e as livrarias.
Com diversas filiais fechadas, inclusive em Porto Alegre, a Livraria Cultura não está conseguindo manter suas lojas físicas em funcionamento. De acordo com informações da própria livraria, "As incertezas do cenário econômico brasileiro e, dentro dela, a crise do mercado editorial, que encolheu 40% desde 2014, fez com que a Livraria Cultura passasse a enfrentar dificuldades, também. Infelizmente, após quatro anos de recessão, o cenário geral no país não apresenta sinais claros de melhoria".
A livraria Cultura em 2017 fechou duas lojas em São Paulo, em julho de 2018, demitiu centenas de funcionários e assim como a Saraiva, também pretende ampliar a porcentagem do comércio eletrônico em relação às vendas totais, atingindo 70% em cinco anos. Outro agravante desta crise foi a chegada da Amazon ao Brasil, em 2014, que atraiu para o e-commerce clientes que antes compravam no varejo tradicional.
De acordo com a Época Negócios de junho de 2018, a situação das grandes redes de livrarias acaba agravando a crise do mercado editorial brasileiro, que não pagando ou atrasando o pagamento de seus fornecedores acarreta em um efeito cascata, fazendo com que os donos de editoras se obriguem a demitir, reduzir a quantidade de lançamentos e, em alguns casos, lutar contra a possibilidade de fechar as portas.
“O presidente da Associação Nacional de Livrarias, Bernardo Gurbanov, elencou algumas das causas para o mau momento econômico das longevas redes de livrarias (a Livraria Cultura foi fundada em 1947 e a Saraiva, em 1914): Contexto macro de recessão, baixo índice de leitura dos brasileiros, crescimento do comércio eletrônico e da leitura em dispositivos digitais”.
Será também o prenúncio do fim dos livros físicos? De acordo com historiador e diretor da Biblioteca da Universidade de Harvard Robert Darnton, não. O “apocalipse do livro” não é novidade e nem veio junto com o livro digital como podem imaginar alguns. Em 1928, Walter Benjamin já dizia que, ao que tudo indicava, o livro estaria chegando ao seu fim, mas chegamos a 2018, e “o livro não está morto, ao contrário, nos EUA, no ano passado, foram publicados mais livros do que no anterior”.
Segundo Mike Shatzkin, fundador e diretor-presidente da consultoria editorial The Idea Logical Co., a compra de livros online – sejam impressos ou digitais – tira negócios das livrarias, que por sua vez fecham ou reduzem espaço nas estantes. Isso diminui sua atração e sua conveniência, o que faz a compra online aumentar ainda mais. Assim, as livrarias fecham ou reduzem ainda mais espaço. Isso é chamado “ciclo vicioso”.
Esse pensamento e compartilhado com Jason Merkoski, um dos membros da equipe que desenvolveu o primeiro leitor de livros digitais Kindle, lançado em 2007. De acordo com Merkoski, os alunos estão pegando mais informações na Wikipédia ou em sites e gastaram 70% menos tempo nas bibliotecas das universidades.
“As lojas de livros não conseguirão sobreviver e vão desaparecer. Sobrarão apenas algumas, especializadas em livros impressos, como as que vendem discos de vinil. Vão permanecer no mercado Google e Amazon, infelizmente. Conheço as pessoas da Amazon. E elas não se importam com o que você quer como consumidor. Elas se importam em como conseguir mais lucro. Uma maneira de fazer isso é empurrando livros populares, negligenciando outros. E infelizmente as pessoas vão aceitar. A curadoria de títulos está na mão dos varejistas”.
Ah, e as feiras? Será que com o fim das livrarias virá também o fim das “Feiras de Livros”? Talvez sim, talvez não. Vai depender da sua adaptação a esses novos tempos. Talvez elas possam ser como os sebos de hoje, ilhas onde pode-se encontrar relíquias do passado e do presente. Não sei, certamente só o futuro terá esta resposta!
Fontes: www.nexojornal.com.br, www.folha.uol.com.br, www.estadao.com.br, Época Negócios.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

EM BUSCA DA HISTÓRIA PERDIDA



Dizem que só damos valor a alguma coisa a partir do dia em que a perdemos.
Há duas semanas o Museu Nacional do Rio de Janeiro incendiou e com ele foi “cremada” parte significativa do patrimônio histórico do país. Lá estava “guardada” uma página importante da história de Torres, contada através de artefatos arqueológicos coletados ao longo de quase 40 anos pelo comerciante e curioso Balbino de Freitas.
Poucos torrenses conhecem a história da Coleção Arqueológica Balbino de Freitas, e os que conhecem não sabem de alguns detalhes que só agora, depois de seu desaparecimento, serão esclarecidos.
Conta a lenda que Balbino de Freitas era o maior, e único, comerciante de secos e molhados da vila de Torres. Na sua casa, ao lado da antiga Prefeitura (Intendência), estava instalado o seu armazém e nele era vendido todo o tipo de mercadorias que se possa imaginar que existia naquela época (1900). Além disso, ele fabricava os refrigerantes que lá vendia, assim como um molho, o “Molho Brasil”, conhecido e apreciado em todo o território nacional.
Outra faceta de Balbino de Freitas era a de curioso colecionador, dizem que gostava de escavar os diversos Sambaquis da região em busca de artefatos arqueológicos. E como existiam vários e imensos Sambaquis, sua coleção cresceu a ponto de chamar a atenção de colecionadores e de museus no Rio Grande do Sul, na Argentina e no Rio de Janeiro.
[...] por iniciativa própria, coletava e colecionava artefatos indígenas nos arredores de Torres, no Estado do Rio Grande do Sul. Ele reuniu peças fundamentais para pesquisas que contam a história dos habitantes do município na época da sua formação.
Contavam que a casa de Balbino foi um dos primeiros museus arqueológicos do Brasil e que pela quantidade de itens e pela falta de espaço adequado, ele teria doado ou vendido a sua coleção para o museu Nacional do Rio de Janeiro. Não se conhecia, ou não havia sido contado os detalhes da saída da coleção de Torres para o Rio de Janeiro.
Após uma pesquisa em livros, nos arquivos do Museu Nacional e em uma tese de mestrado de Helena Vieira Leitão de Souza, intitulada “A Coleção Balbino de Freitas e o Museu Nacional” ficou mais fácil encontrar respostas às dúvidas e lacunas desta interessante história.
Então iniciamos pela localização e identificação da Coleção Arqueológica Balbino de Freitas. Ela era de propriedade do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ), também conhecido como Museu Nacional da Quinta da Boa Vista ou simplesmente Museu Nacional, localiza-se na cidade do Rio de Janeiro, sendo o maior museu de história natural e antropologia da América Latina. De acordo com informações do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, ela foi comprada por intermédio de Mário de Freitas, um dos herdeiros de Balbino Luiz de Freitas, por trinta contos de réis.
A Coleção Arqueológica Balbino de Freitas apresenta algumas características que permitem reflexões sobre a importância do patrimônio arqueológico, formação de coleções por particulares e a aquisição dessas por museus públicos e a importância do tombamento como política de preservação. Algumas peças estão na exposição permanente do Museu Nacional e outras guardadas em Reserva Técnica do Departamento de Arqueologia. As que estão expostas, se encontram em duas salas referentes à Arqueologia Brasileira: na sala de povos horticultores e na sala de sambaquis.
Um dos destaques da Coleção é um cesto (artefato sambaqui) que foi revestido internamente com resina, conservada apenas em parte e foi coletada em um sambaqui do litoral meridional brasileiro. Trata-se de uma peça rara, em virtude da dificuldade de preservação de materiais orgânicos em climas tropicais.
A Coleção Balbino de Freitas foi vendida ao Museu Nacional pelos seus filhos e não por ele próprio. Não que ele não tenha tentado vendê-la antes de sua morte. Na verdade ele já havia vendido uma parte para o Museu Paulista durante a direção de Hermann Friedrich Albrecht von Ihering, cerca de 180 peças, de acordo com relato do próprio filho. Outra parte, também informado pelo filho de Balbino de Freitas, tinha sido vendida para dois alemães anos antes da primeira venda, como descrito nesta carta escrita possivelmente pelo naturalista do Museu Nacional, José Vidal.
Sabe-se da intenção de venda da coleção pelo próprio colecionador através de cartas enviadas ao Museu Nacional, a primeira em 08 de Julho de 1931 endereçada ao diretor Edgar Roquette Pinto. A correspondência foi escrita de próprio punho e descrevia as, até então, 300 peças. A intenção de vender está expressa no final da carta, logo após a assinatura está a seguinte frase: “esta collecção está a venda”.
A carta seguinte, em 29 de Agosto de 1931, respondida à professora Heloísa Alberto Tores, professora chefe da seção de antropologia e etnografia, já trazia informações sobre a procedência e preço da coleção.
Nessa primeira relação, podemos chamar a atenção para a presença de “bichos de pedra” (zoólitos). Algumas peças foram desenhadas por Balbino, para explicar melhor a sua forma.
A segunda carta de Balbino de Freitas chama a atenção para uma mão de pilão “adquirida” por ele e que estaria em perfeito estado, e também para um “cachimbo de barro com a efígie de um bugre”, também em bom estado e, segundo Balbino, uma peça raríssima. Ele então oferece essa coleção ao Museu Nacional pelo preço de trinta contos de réis.
Conforme Helena V. L. de Souza, a comunicação entre Balbino de Freitas e a equipe do Museu Nacional foi interrompida e somente retomada com a terceira carta do colecionador, datada de 24 de maio de 1935, encaminhada ao diretor do Museu Nacional, o professor Roquette Pinto.
Esta carta parecia mais formal que as outras, pois estava datilografada em papel timbrado de sua fábrica (Molhos Brasil). Nela havia uma nova listagem de sua coleção com 589 peças já com o novo valor de venda: cinquenta contos de réis.
A resposta da chefe da seção de Antropologia e Etnografia, Heloisa Torres, está datada de 11 de dezembro de 1935, e nela consta a recusa da compra pelo Museu Nacional com a alegação de o preço ser muito elevado, mas indicando o interesse do museu pela coleção.
Em 02 de novembro de 1936 Balbino Luiz de Freitas faleceu de miocardite em sua casa, e após dois anos reiniciaram as negociações para a venda da coleção, agora através dos herdeiros.
Primeiramente José Luiz de Freitas, um dos 15 filhos de Balbino, formaliza um pedido de tombamento para a coleção e provavelmente este tenha sido o passo inicial da nova negociação. Além de José Luiz de Freitas, fazem parte da negociação outros três personagens, Mário Luiz de Freitas (filho de Balbino), José Vidal (Naturalista enviado pelo Museu Nacional) e a Heloisa Alberto Tôrres (na época, diretora do Museu Nacional).
De acordo com Helena V.L. de Souza a Coleção Balbino de Freitas, por encontrar-se dentro do Museu Nacional não deixa de ser uma coleção arqueológica, porque estar em um museu não é a única forma de se constituir como patrimônio, mas é uma das mais eficazes. Estando em um museu ela passa a apresentar uma outra face que a diferencia daquelas mantidas em universidades, laboratórios e outros tipos de instituições, passa a ter também o status de coleção museológica, ganhando assim um outro valor, da qual não pode mais se dissociada.
A coleção de Balbino, depois de sua morte, esteve sob os cuidados de seu filho Mário Luiz de Freitas, armazenada na sua casa/mercado. Estas peças, aparentemente, sofriam ataque de insetos e as cerâmicas estariam ameaçadas pela falta de ventilação no ambiente, e como já existia a intenção de vende-la por parte de Balbino, seu filho deixou bem claro que também queria a venda, insistindo em cinquenta contos de réis, mas poderia fazer um “preço especial” de quarenta contos de réis. Porém não venderia as peças isoladamente, somente a coleção inteira, e caso o Museu Nacional fizesse a compra, outras peças seriam acrescentadas à coleção.
Um dos pontos mais interessantes sobre a coleção é de que a maioria das peças tem sua procedência descrita como “sambaqui”, todavia de acordo com o próprio senhor Mário Luiz de Freitas, a maioria das peças foi encontrada “na areia, soltas ou enterradas, muito distanciadas dos Sambaquis”.
Essa particularidade foi constatada pela pesquisadora Helena de Souza, que confirma que os Sambaquis são formados principalmente por conchas e que a Coleção de Balbino não as contém, sendo composta, principalmente, por artefatos líticos e de cerâmica.
Outra curiosidade desta coleção é que as peças catalogadas pelo Museu Nacional, somam um total de 1.170 peças e o número apresentado por seus proprietários é de 1.075 peças. Acredita-se que o motivo desta diferença é que os proprietários contaram algumas peças em conjunto. Outro dado interessante sobre as peças é que haveria uma peça craniana, que não estava à venda, mas que talvez interessasse ao Museu, nunca apareceu na relação catalogada pelo Museu.
A Coleção Balbino de Freitas construiu-se como exemplo de patrimônio arqueológico ao longo dos anos, desde 1900, quando a primeira peça foi coletada, até hoje. Constituir-se patrimônio e ser apresentado como patrimônio é um processo que vai além da inscrição em um livro de tombo, por mais que essa etapa seja necessária e legitimadora. Práticas científicas e o processo de musealização da Arqueologia também são necessários. Portanto, podemos dizer que ela é formada por elementos que compõem a história desses grupos, formadores do que conhecemos hoje como Brasil. Mas ela é também um exemplo da história da prática arqueológica no país e até mesmo da história do Museu Nacional.
E por fim, cabe uma ode ou réquiem à Coleção Balbino de Freitas, “protegida” e tombada num Museu Nacional considerado, até então, um espaço “seguro” e privilegiado de apresentação do patrimônio. Afastado de seu lugar de origem, por motivos financeiros ou preservacionistas, a Coleção Balbino de Freitas viajou, dentro de 18 caixas, por 1400 km até seu destino final. Lá exposta permaneceu por quase 80 anos, mantida, guardada, exibida e estudada até sua definitiva extinção.
O incêndio no Museu Nacional do Brasil, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, na noite de 2 de setembro de 2018, destruiu quase a totalidade do acervo histórico e científico construído ao longo de duzentos anos, e que abrangia cerca de vinte milhões de itens catalogados, entre eles algo que nos representava e de sua maneira nos orgulhava: A Coleção Balbino de Freitas, hoje cinzas da nossa história.
A coleção arqueológica Balbino de Freitas: conchais do litoral sul encontra-se inscrita no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico do IPHAN. Seu número de inscrição é 014.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

CAPADÓCIA LITORÂNEA


Certa vez escrevi uma coluna dizendo que Torres só iria merecer o título de “Capital Nacional do Balonismo” se tivéssemos balonistas aqui da cidade, nativos ou não. Aventei até a ideia de o município comprar um balão e contratar uma equipe de balonismo para representar a cidade em diversas festas, festivais e eventos relacionados ou não com o balonismo, pelo estado e até fora dele, com o objetivo de divulgar a cidade e também o festival. Como a prefeitura (os diversos prefeitos) não encampou a ideia, diversas empresas locais fizeram o papel dos governantes e partiram para o alto. Neste voo de grande sabedoria, eles divulgam suas marcas e de lambuja deixam ainda mais conhecida a cidade de Torres, e o festival de balonismo.
Como resultado, hoje não vemos balões apenas no mês de Abril no céu da cidade, vemos quase todos os dias do ano é só inclinar a cabeça (pela manhã ou no meio da tarde) para enxergarmos pelo menos um balão pairando no ar. Algumas tardes, na prainha, podemos até chegar bem perto de um deles e ver todo o trabalho em torno de seu voo.
Para meu deleite, nesta semana, uma reportagem no jornal Zero Hora, intitulada “A praia dos Balões”, corrobora com meu pensamento: Torres está no caminho de se transformar na capital nacional do balonismo!
De acordo com a reportagem, existem algumas empresas especializadas em voos panorâmicos na cidade de Torres e que fazem isso durante o ano todo. Ricardo Lima, sócio da empresa Trip Balonismo e presidente da Associação Torrense de Balonismo, quer ver Torres como a grande referência em voos de balão, e quem sabe se tornar a “Capadócia brasileira”. Ricardo quer ver o voo de balão em Torres como o buggy em Natal ou o teleférico em Balneário Camboriú.
Mas falta o quê então se já temos balonistas, voos panorâmicos o ano todo e, claro o festival de balonismo?
Como se vê a parte dos empresários já foi feita e tende a crescer ainda mais com a participação de novas empresas. O que falta é a participação mais efetiva da gestão municipal.
A parceria deve ser formada e o município deve ter a sua equipe de balonismo, deve proporcionar espaço para a prática desse esporte, fomentar e apoiar os passeios (voos) e tudo mais que for necessário para transformar a cidade numa verdadeira “Capadócia Litorânea” todos os dias do ano!
Como disse o Ricardo, a semente foi plantada, agora é só divulgar!

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

A MODA DOS LETREIROS TURÍSTICOS

Já há alguns anos vêm surgindo em vários lugares do mundo os letreiros chamativos que representam algumas importantes cidades turísticas. Não sei se foi lá que iniciou esta “mania” mundial, mas tenho certeza que o letreiro “Hollywood” foi o grande inspirador dos diversos outros, mundo a fora.
Criado para divulgar um loteamento residencial, virou ícone da cidade de Los Angeles por aparecer Em diversos filmes. E, claro, todos que visitavam a cidade faziam questão de tirar uma foto próxima ao letreiro.
Isto acabou o transformando em mais um atrativo turístico da cidade. Neste caso, o letreiro, de coadjuvante virou ator principal, de meio de divulgação passou a ser a própria atração e modelo único de inspiração para o surgimento dos demais, que ao contrário dele, surgiram próximos a atrativos turísticos já existentes com a função de identificar o lugar fotografado.
Como se vê, no Brasil e no resto do mundo, esses letreiros turísticos são apenas complementares ao atrativo principal, e por este motivo dão ao turista um motivo a mais para visitá-lo. Só que em muitos desses lugares os turistas não se contentam em apenas tirar uma foto ao lado das letras, querem interagir com elas, escalá-las, entrar e sair dos seus recortes, fazer brincadeiras irreverentes.
Além da função informativa, estes letreiros, trazem consigo a função estética de “embelezar” o local. Só que muitas vezes essa “estética” não é adequada ao local, ou digamos assim, é “exagerada” e descaracteriza o ambiente onde está inserida.
Letreiros criativos como o de Amsterdam, “I AMsterdam”, um trocadilho em inglês, “eu sou Amsterdam”; ou nem tanto, como o de Aruba, que instalou logo dois, “Eu amo Aruba”, com direito a coração no lugar da palavra “amo”.
Aliás essa pobreza de criatividade imperou na maioria dos letreiros do Brasil, onde a palavra amor ou o símbolo em forma de coração estão sempre presentes.
Multicoloridos e com desenhos tribais como o de Cancun, Salvador, Porto de Galinhas, ou sóbrios como o da praia de Pocitos, em Montevideo ou Ushuaia, na Argentina, os letreiros surgem com versões fixas em pontos turísticos famosos, ou móveis, distribuídas pela cidade de acordo com a estratégia promocional.
Outros seguem tendências mundiais, como o letreiro engajado de Florianópolis, “Sou bem Floripa”, onde um totem com jeitão havaiano, faz parte de um movimento que inclui campanhas com propósitos sociais como, cuidar do meio ambiente, respeitar o trânsito e compartilhar o bem.
Uma coisa bacana que normalmente vem junto com os letreiros são as várias melhorias feitas no entorno, como iluminação, novas vagas de estacionamento e arborização.
Porém o tamanho exagerado da maioria dos letreiros, característica presente na maioria deles (2 metros de altura por 20 metros de comprimento) , os transformam em desajeitados “Elefantes brancos”.
Assim como o tamanho, o material utilizado em sua confecção também pode ser um problema tanto para a manutenção quanto para a segurança, pois vai do duradouro concreto a materiais menos confiáveis como, madeira, de fibra, tubos de metal, e placas de aço.
Os letreiros turísticos têm a capacidade de atrair todo o tipo de turista ou curioso para esses locais, alterando para mais que o dobro o fluxo de pessoas em seu entorno. Fato que sem um adequado controle pode ter um efeito contrário e nocivo aos objetivos de sua concepção.
Essa moda mundial, apesar de popularizada, pode ser implantada em qualquer lugar turístico ou não, porém deve-se ter em mente que a sua implantação precisa ser próxima de algum atrativo turístico e não espalhadas por praças não destinadas a este fim (turístico). E, principalmente, ter o extremo cuidado para não comprometer o ambiente e o bom gosto, de preferência!
(Este texto tinha um outro propósito, mas para minha surpresa, surgiu o esqueleto de um letreiro em meio a Prainha. Embora seja outra estrovenga em meio a um dos belos cartões postais da cidade, ela fará a alegria dos ‘facebooks’ e ‘instagrams’ por um período e sombra para os ‘sem guarda-sóis’ por bastante tempo. Não sou contra o letreiro, sou contra a falta de criatividade. Aos que reclamam desse ‘monumento’, peço que também reclamem do outro ‘monumento da Corsan’, sem os dois a vista da Prainha ficaria bem melhor).
Fontes: meuroteirordc.com.br; www.correiobraziliense.com.br;
http://nominuto.com/noticias.

TURISMO CEMITERIAL


Ao lado do cemitério, no morro do farol, podia-se ver a cidade, o mar e a serra. È isso mesmo, um cemitério no morro do Farol. Ele ficava atrás do Farol antigo (o de 1952), exatamente onde hoje se estacionam os carros para observar o mar lá de cima.
“Os historiadores nos dão notícia da existência do cemitério de Torres localizado no morro do Farol, também chamado de torre do Norte. Realmente o cemitério lá se conservou até a década de 60, proporcionando ambiente triste e melancólico para os que visitavam o Farol.”
As autoridades da época achavam um incômodo ter um cemitério no lugar mais alto da cidade de onde se poderia vislumbrar a cidade como um todo. E de fato todos consideravam turisticamente inviável um cemitério em um dos cartões postais do município, e assim se fez a remoção para o campo bonito.
“Por iniciativa da SAPT e com sua colaboração financeira, a prefeitura municipal de Torres, por seu prefeito Manoel João Machado, foi o cemitério removido. E os restos mortais de cerca de 30 tumbas, colocados em jazigos perfeitamente identificáveis, foram transferidos para o cemitério Municipal nas imediações da BR 101 na entrada da cidade.”
A França recebe visitantes de todos os países do mundo muito por suas belezas arquitetônicas e principalmente pelos aspectos culturais. Entre os diversos destaques culturais e históricos emerge o turismo cemiterial, é turismo dentro de cemitérios. O mais importante da França é o Pére Lachaise, conhecido por ser o mais visitado em todo o mundo recebendo cerca de 2 milhões de visitantes por ano. Tendo em seu interior túmulos de celebridades como Chopin, Oscar Wilde, Balzac, Marcel Proust, Modigliani, Edith Piaf entre outras. Mais próximo de nós está o cemitério da Recoleta, em Buenos Aires na Argentina, que atrai milhares de pessoas principalmente para conhecerem o túmulo de Evita Perón.Em Porto Alegre os cemitérios têm atraído grande público, pois possuem monumentos de relevância artística e túmulos de pessoas famosas como os de Otávio Rocha, Júlio de Castilhos, Pinheiro Machado e o cantor Teixeirinha (todos no cemitério Santa Casa de Misericórdia). Entre os cemitérios, se destacam o da Santa Casa de Misericórdia, o São Miguel de Almas e o São José I e II, todos parecendo museus ao ar livre com cerca de 300 obras de arte produzidas por artistas europeus e locais entre os anos de 1820 a 1940.
Enfim, o turismo cemiterial foca a exploração do patrimônio artístico e arquitetônico dos cemitérios, bem como a busca por personalidades que neles foram sepultadas. Resultando desta atividade frutos para todos envolvidos no trade turístico e fazendo de um possível “incômodo” mais um produto turístico de uma cidade ou região.
Por incrível que pareça removemos um cemitério histórico em prol do turismo e justamente por ele seria justificada, atualmente, a sua manutenção.