Pesquisar este blog

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

O FIM DAS LIVRARIAS!?


Duas das grandes livrarias do Brasil, a Saraiva e a Cultura, estão em recuperação judicial, a Fnac, com as operações no Brasil vendidas para a Livraria Cultura, fechou. As pequenas livrarias vivem de fontes alternativas. O que estará acontecendo, será mesmo o fim das livrarias?
Mais uma vez a feira do livro de Torres teve diversos lançamentos de livros de autores torrenses. Como sempre, ela foi um sucesso. Mas um sucesso “virtual” pois sabemos que cada vez mais o brasileiro lê menos, e por consequência compra menos. Embora o livro seja um dos meios mais utilizados para se adquirir cultura, o seu preço, muitas vezes, força o leitor a trocá-lo por outras opções. Aqui também não é diferente, assim como não são diferentes as dificuldades na comercialização desses livros.
As feiras de livros são uma espécie de livraria itinerante, que levam o livro ao “povo”, já que ele (o povo) não vai até lá (na livraria). E assim como incentivadora, a feira, foi sendo replicada em diversos municípios tendo como inspiradora a mais antiga do Rio Grande do Sul: a Feira do Livro de Porto Alegre.
Bem, mas o assunto aqui não são as feiras e sim os livros e as livrarias.
Com diversas filiais fechadas, inclusive em Porto Alegre, a Livraria Cultura não está conseguindo manter suas lojas físicas em funcionamento. De acordo com informações da própria livraria, "As incertezas do cenário econômico brasileiro e, dentro dela, a crise do mercado editorial, que encolheu 40% desde 2014, fez com que a Livraria Cultura passasse a enfrentar dificuldades, também. Infelizmente, após quatro anos de recessão, o cenário geral no país não apresenta sinais claros de melhoria".
A livraria Cultura em 2017 fechou duas lojas em São Paulo, em julho de 2018, demitiu centenas de funcionários e assim como a Saraiva, também pretende ampliar a porcentagem do comércio eletrônico em relação às vendas totais, atingindo 70% em cinco anos. Outro agravante desta crise foi a chegada da Amazon ao Brasil, em 2014, que atraiu para o e-commerce clientes que antes compravam no varejo tradicional.
De acordo com a Época Negócios de junho de 2018, a situação das grandes redes de livrarias acaba agravando a crise do mercado editorial brasileiro, que não pagando ou atrasando o pagamento de seus fornecedores acarreta em um efeito cascata, fazendo com que os donos de editoras se obriguem a demitir, reduzir a quantidade de lançamentos e, em alguns casos, lutar contra a possibilidade de fechar as portas.
“O presidente da Associação Nacional de Livrarias, Bernardo Gurbanov, elencou algumas das causas para o mau momento econômico das longevas redes de livrarias (a Livraria Cultura foi fundada em 1947 e a Saraiva, em 1914): Contexto macro de recessão, baixo índice de leitura dos brasileiros, crescimento do comércio eletrônico e da leitura em dispositivos digitais”.
Será também o prenúncio do fim dos livros físicos? De acordo com historiador e diretor da Biblioteca da Universidade de Harvard Robert Darnton, não. O “apocalipse do livro” não é novidade e nem veio junto com o livro digital como podem imaginar alguns. Em 1928, Walter Benjamin já dizia que, ao que tudo indicava, o livro estaria chegando ao seu fim, mas chegamos a 2018, e “o livro não está morto, ao contrário, nos EUA, no ano passado, foram publicados mais livros do que no anterior”.
Segundo Mike Shatzkin, fundador e diretor-presidente da consultoria editorial The Idea Logical Co., a compra de livros online – sejam impressos ou digitais – tira negócios das livrarias, que por sua vez fecham ou reduzem espaço nas estantes. Isso diminui sua atração e sua conveniência, o que faz a compra online aumentar ainda mais. Assim, as livrarias fecham ou reduzem ainda mais espaço. Isso é chamado “ciclo vicioso”.
Esse pensamento e compartilhado com Jason Merkoski, um dos membros da equipe que desenvolveu o primeiro leitor de livros digitais Kindle, lançado em 2007. De acordo com Merkoski, os alunos estão pegando mais informações na Wikipédia ou em sites e gastaram 70% menos tempo nas bibliotecas das universidades.
“As lojas de livros não conseguirão sobreviver e vão desaparecer. Sobrarão apenas algumas, especializadas em livros impressos, como as que vendem discos de vinil. Vão permanecer no mercado Google e Amazon, infelizmente. Conheço as pessoas da Amazon. E elas não se importam com o que você quer como consumidor. Elas se importam em como conseguir mais lucro. Uma maneira de fazer isso é empurrando livros populares, negligenciando outros. E infelizmente as pessoas vão aceitar. A curadoria de títulos está na mão dos varejistas”.
Ah, e as feiras? Será que com o fim das livrarias virá também o fim das “Feiras de Livros”? Talvez sim, talvez não. Vai depender da sua adaptação a esses novos tempos. Talvez elas possam ser como os sebos de hoje, ilhas onde pode-se encontrar relíquias do passado e do presente. Não sei, certamente só o futuro terá esta resposta!
Fontes: www.nexojornal.com.br, www.folha.uol.com.br, www.estadao.com.br, Época Negócios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário