Duas das grandes livrarias do Brasil, a Saraiva e a Cultura,
estão em recuperação judicial, a Fnac, com as operações no Brasil vendidas para
a Livraria Cultura, fechou. As pequenas livrarias vivem de fontes alternativas.
O que estará acontecendo, será mesmo o fim das livrarias?
Mais uma vez a feira do livro de Torres teve diversos
lançamentos de livros de autores torrenses. Como sempre, ela foi um sucesso.
Mas um sucesso “virtual” pois sabemos que cada vez mais o brasileiro lê menos,
e por consequência compra menos. Embora o livro seja um dos meios mais
utilizados para se adquirir cultura, o seu preço, muitas vezes, força o leitor
a trocá-lo por outras opções. Aqui também não é diferente, assim como não são
diferentes as dificuldades na comercialização desses livros.
As feiras de livros são uma espécie de livraria itinerante, que
levam o livro ao “povo”, já que ele (o povo) não vai até lá (na livraria). E
assim como incentivadora, a feira, foi sendo replicada em diversos municípios
tendo como inspiradora a mais antiga do Rio Grande do Sul: a Feira do Livro de
Porto Alegre.
Bem, mas o assunto aqui não são as feiras e sim os livros e as
livrarias.
Com diversas filiais fechadas, inclusive em Porto Alegre, a
Livraria Cultura não está conseguindo manter suas lojas físicas em
funcionamento. De acordo com informações da própria livraria, "As
incertezas do cenário econômico brasileiro e, dentro dela, a crise do mercado
editorial, que encolheu 40% desde 2014, fez com que a Livraria Cultura passasse
a enfrentar dificuldades, também. Infelizmente, após quatro anos de recessão, o
cenário geral no país não apresenta sinais claros de melhoria".
A livraria Cultura em 2017 fechou duas lojas em São Paulo, em
julho de 2018, demitiu centenas de funcionários e assim como a Saraiva, também
pretende ampliar a porcentagem do comércio eletrônico em relação às vendas
totais, atingindo 70% em cinco anos. Outro agravante desta crise foi a chegada
da Amazon ao Brasil, em 2014, que atraiu para o e-commerce clientes que antes
compravam no varejo tradicional.
De acordo com a Época Negócios de junho de 2018, a situação das
grandes redes de livrarias acaba agravando a crise do mercado editorial
brasileiro, que não pagando ou atrasando o pagamento de seus fornecedores acarreta
em um efeito cascata, fazendo com que os donos de editoras se obriguem a
demitir, reduzir a quantidade de lançamentos e, em alguns casos, lutar contra a
possibilidade de fechar as portas.
“O presidente da Associação Nacional de
Livrarias, Bernardo Gurbanov, elencou algumas das causas para o mau momento
econômico das longevas redes de livrarias (a Livraria Cultura foi fundada em
1947 e a Saraiva, em 1914): Contexto macro de recessão, baixo índice de leitura
dos brasileiros, crescimento do comércio eletrônico e da leitura em
dispositivos digitais”.
Será também o prenúncio do fim dos livros físicos? De acordo com
historiador e diretor da Biblioteca da Universidade de Harvard Robert Darnton,
não. O “apocalipse do livro” não é novidade e nem veio junto com o livro digital
como podem imaginar alguns. Em 1928, Walter Benjamin já dizia que, ao que tudo
indicava, o livro estaria chegando ao seu fim, mas chegamos a 2018, e “o livro
não está morto, ao contrário, nos EUA, no ano passado, foram publicados mais
livros do que no anterior”.
Segundo Mike
Shatzkin, fundador e
diretor-presidente da consultoria editorial The Idea Logical Co., a compra de
livros online – sejam impressos ou digitais – tira negócios das livrarias, que
por sua vez fecham ou reduzem espaço nas estantes. Isso diminui sua atração e
sua conveniência, o que faz a compra online aumentar ainda mais. Assim, as
livrarias fecham ou reduzem ainda mais espaço. Isso é chamado “ciclo vicioso”.
Esse pensamento e compartilhado com Jason Merkoski, um dos
membros da equipe que desenvolveu o primeiro leitor de livros digitais Kindle,
lançado em 2007. De acordo com Merkoski, os alunos estão pegando mais
informações na Wikipédia ou em sites e gastaram 70% menos tempo nas bibliotecas
das universidades.
“As lojas de livros não conseguirão sobreviver e vão
desaparecer. Sobrarão apenas algumas, especializadas em livros impressos, como
as que vendem discos de vinil. Vão permanecer no mercado Google e Amazon,
infelizmente. Conheço as pessoas da Amazon. E elas não se importam com o que
você quer como consumidor. Elas se importam em como conseguir mais lucro. Uma
maneira de fazer isso é empurrando livros populares, negligenciando outros. E
infelizmente as pessoas vão aceitar. A curadoria de títulos está na mão dos
varejistas”.
Ah, e as feiras? Será que com o fim das livrarias virá também o
fim das “Feiras de Livros”? Talvez sim, talvez não. Vai depender da sua
adaptação a esses novos tempos. Talvez elas possam ser como os sebos de hoje,
ilhas onde pode-se encontrar relíquias do passado e do presente. Não sei, certamente
só o futuro terá esta resposta!
Fontes: www.nexojornal.com.br, www.folha.uol.com.br, www.estadao.com.br,
Época Negócios.
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