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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O TURISMO ENTRANDO PELO CANO

As águas de março este ano chegaram em fevereiro e com grande intensidade. Pode-se dizer que elas vieram quase todas no mesmo dia. Com elas os velhos problemas da falta de esgoto pluvial na cidade, ou seja, ruas alagadas e trânsito parado. Pela intensidade os problemas aumentaram, as águas invadiram casas, comércios e transbordaram a lagoa e o riacho.
Isso me alertou sobre a falta de um sistema ou rede bem planejada de coleta de águas deste tipo na cidade. E poderia esticar este pensamento para tantas outras coisas que faltam ou nunca foram pensadas pelos nossos governantes, mas não o fiz.
Preferi pensar em lugares que já passaram por estes problemas (séculos atrás) e os resolveram indo além. Um destes lugares é Paris. Resolvido o problema sanitário e pluvial, os grandes túneis de esgoto passaram a ter mais uma utilidade: o turismo.
A cidade não possui apenas atrativos turísticos aparentes, possui também aqueles ocultos (pelo menos para a maioria dos turistas de primeira viagem), ou seja, literalmente no underground da cidade. No caso de Paris, o Museu dos Esgotos (Musée des Égouts).
Trata-se de um verdadeiro tour “por uma cidade embaixo de outra cidade”, uma interessante aventura por um sistema subterrâneo cujas origens estão no século 14. Não dá para garantir que o passeio inclua vistas bonitas ou bons odores, mas esse quase meio quilômetro de trajeto, iniciado na Place de la Résistance, é uma boa aula de história, principalmente do capítulo higiene, um assunto cujos problemas os parisienses já tentavam resolver na Idade Média.
Alguns podem dizer que o passeio pelos túneis da cidade não tem o glamour da Torre Eiffel, mas pode informar o visitante sobre a gestão das águas usadas com quem tem um sólido know-how sobre o assunto. Para se ter uma ideia dos números envolvidos neste processo veja os dados a seguir:
Todos os dias são despejados 1,2 milhão de metros cúbicos de água usada nos 2.100 quilômetros de túneis sendo retirados da rede mais de 15 mil metros cúbicos de dejetos sólidos. O correspondente a um prédio de seis andares. A água que abastece a cidade vem do rio Sena e, hoje, depois de tratada, volta para o Sena.
Esta é a uma das importantes informações, o rio Sena hoje está novamente limpo porque a água que dele sai volta somente após o tratamento. Isto pode ser também realidade no nosso maltratado Mampituba.
Mas ainda sobre o turismo nos túneis de Paris. Além de revelar ao visitante um sistema de tratamento muito inteligente, criado no final do século 14, o passeio impressiona bastante ao expor um antiquíssimo conjunto de tubos de ferro conhecido como “o sistema nervoso da cidade”. Nesta área, batizada com o nome do responsável pela construção do principal sistema de Paris, no reinado de Luís XIV (Galeria Michel Turgot), também está exposta uma máquina de época utilizada para a limpeza dos túneis. O mapa numerado e as placas nas paredes conduzem o visitante por um conjunto de galerias interligadas que mais se parecem com ruas. Cada uma delas leva o nome de uma personalidade importante na época. O tour pelo Museu dos Esgotos de Paris não é muito concorrido, tem duração de uma hora e meia, em média, e a entrada custa apenas €4.30, o equivalente a R$ 14,00.
É parece que o turismo em Paris literalmente entrou pelo cano, mas saiu. E Torres vai conseguir sair?

Fonte: http://www.melhoresdestinos.com.br/museu-esgotos-paris.html

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

VERANISMO

Me recordo que antigamente não se falava muito em turista, o que existia era a figura do veranista. Como aqui na aldeia muita gente confunde veranista com turista, achei interessante e didático esclarecer esta dúvida. Embora eu tenha claro o significado de um de outro, considero mais prudente me socorrer de um autor que trabalhou muito bem esta diferença, então faço minhas as palavras de Javier Caletrío
"Ao tentar decifrar o significado desta previsibilidade e familiaridade por meio de teorias sociais do turismo, somos levados a descartar o veraneio como uma forma de turismo, seja a não conseguir compreender seu potencial emancipatório. Ao tomar como pressuposto a dicotomia entre casa e alhures (em outro lugar, outra parte, home andaway), na qual a casa é associada ao familiar e o alhures à novidade e ao exótico, o familiar tende a ser compreendido como tudo aquilo que o turista deixa para trás. Em um de seus escritos mais antigos sobre o assunto, Urry (1990: 2-3) argumenta que o turismo envolve o movimento de pessoas a “um novo lugar ou a novos lugares”, que logradouros turísticos são locais “fora do comum” e que há uma “clara intenção de voltar para ‘casa’”.
Auxiliado por Caletrío, então, veranista é a pessoa que passa o verão em algum lugar específico (fora do local onde reside), no nosso caso, no litoral e mais precisamente em Torres. Esta figura já habita nosso litoral há muitos anos, ou verões, ou temporadas. Famílias inteiras passaram várias temporadas em Torres em décadas passadas e novas gerações, dessas e de outras famílias, perpetuam esta modalidade iniciada antes de Picoral.
Também, antigamente, essa prática era feita através de quartos em hotéis (aqui o início da confusão entre os conceitos), aluguel de chalés ou chalés próprios e acampamentos em campings. Hoje, continua mais ou menos igual. A diferença, ficou por conta da substituição dos chalés por Casas e/ou apartamentos próprios ou alugados e a quase extinção dos campings. Ah! Outra mudança substancial, foi o tempo de permanência do veranista aqui. Antes, este período era de mais ou menos dois meses, hoje, este período varia de semanas até no máximo, um mês. Outra alteração foi que, este veranista, está vindo fora da temporada do verão, virando “outonista”, “primaverista” e até “invernista”, se existissem estes termos!
Continua Caletrío:
“Tenho sim a real intensão de separar o pragmatismo do TURISMO para a informalidade e degradação do VERANISMO. Na minha análise, VERANISMO seria o deslocamento para estadias em casas de VERANEIO e VERANISTAS as pessoas que alugam ou são proprietárias dessas casas, que concordo, não deixa de ser TURISMO, no entanto esse público alvo, não se renova: Contudo, os veranistas exibem uma incrível fidelidade ao lugar, mesmo após perdas de status decorrente da expansão de construções. Isso sugere que uma dinâmica mais complexa está por trás da vivência do lugar."
Parafraseando Caletrío: Uma pessoa que faz as compras no mercado local e vai à praia e, ao pisar na praia, sua figura não se diluirá na massa impessoal que já se tornou a imagem paradigmática das praias do litoral gaúcho. Ao contrário, o passeio à beira-mar será um reencontro com amigos de longa data e conhecidos. Essa pessoa não é um turista, pelo menos não no sentido acadêmico de uma pessoa que deixa para trás os ambientes conhecidos do dia-a-dia em busca de novidades ou do exótico. Tampouco é um turista “de massa”, no sentido mais cotidiano e pejorativo, denotando um membro passivo pertencente a um coletivo dócil, atraído pelo famoso trio sol-praia-mar. Contudo, se essas pessoas abandonassem as praias do litoral gaúcho, muitas ficariam desertas e a imagem tradicionalmente associada ao turismo de massa aos poucos se apagaria.
Então, salve os veranistas “torrenses”, pessoas que escolheram Torres para ser o lugar onde passarão a maioria dos verões (e outras estações) de suas vidas.
Em tempo:
Turista: É toda a pessoa, sem discriminação de etnia, sexo ou religião, que entra em um território contratante diferente do local de residência, com um prazo superior a 24 horas e inferior a 12 meses com o objetivo de lazer, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinação religiosa ou negócio.
Veranista: indivíduo que habitualmente passa o verão fora do local onde reside.


Fonte: Caletrío, Javier. “De veraneo en la playa”: pertencimento e o familiar no turismo de massa no Mediterrâneo. Est. Hist., Rio de Janeiro, vol. 24, nº 47, p. 119-140, janeiro-junho de 2011.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

HOTÉIS DE SELVA

Antigamente (nem tanto assim!) as pessoas (nem todas) fugiam de tudo que não lembrasse civilização. Hoje parece que isso mudou! Com o advento dos “homens bomba” espraiando-se por todo o mundo, e principalmente pelos grandes centros, o negócio agora é fugir para o “mato”. Mais precisamente: para a selva.
A Amazônia (brasileira) representa mais da metade das florestas tropicais remanescentes no planeta e compreende a maior biodiversidade em uma floresta tropical no mundo. E é nela que estão três dos melhores hotéis de selva do Brasil. Se é para viajar para uma selva, que seja aqui na Amazônia e com custos em reais. Passar alguns dias em um hotel de selva (sem esquecer da carteirinha da Funai), é garantia de aventura e isolamento da civilização, e de quebra você pode fazer passeios pela selva e pelos rios, encontrando botos cor-de-rosa e quem sabe até conhecer uma tribo indígena.
Os hotéis de selva mais conhecidos no Brasil são: o Jungle Othon Palace Hotel, o Juma Amazon Lodge e o Ariaú Amazon Towers.
O Jungle Othon Palace Hotel está situado a 50 km de Manaus à margem esquerda do Rio Negro e foi construído sobre uma balsa de aço em perfeita harmonia com a natureza, dentro de um projeto ecologicamente planejado e autônomo (água mineral, energia própria, estação de tratamento de esgoto).
O Juma Amazon Lodge se localiza a 100 km ao sudeste de Manaus, em uma região remota, numa área totalmente preservada de sete mil hectares e possui apenas 20 bangalôs, com sua construção totalmente integrada à Floresta Amazônica. Foi construído em terra firme sobre palafitas, na copa das árvores. Este procedimento é necessário para atender às épocas de cheia dos rios onde o nível da água pode subir até 15 metros.
O Hotel de Selva Ariaú Amazon Towers, localizado no Município de Iranduba, Estado do Amazonas, é único na sua concepção arquitetônica, pois o mesmo é construído sobre palafitas de madeira à altura da copa das árvores. Devido a sua estrutura singular, o hotel integra-se com toda a vida selvagem existente na Selva Amazônica como: macacos de diversas espécies, araras, papagaios, botos cor-de-rosa, entre outros animais da fauna brasileira.

São três belos exemplos de Turismo Sustentável que deram certo: Integração total entre o empreendimento turístico e a natureza.