Tanta
coisa que existe hoje, e sentimos falta, há 30 ou 40 anos só a ficção
científica imaginaria. Internet, celular 4G, wi-fi, teleconferência são
novidades da comunicação que não têm similares no passado.
Eu sou do
tempo do telefone fixo. Sim, ele ainda existe, embora só nós com mais de
quarenta, digo cinquenta, ou outro “enta” ainda o use. Pois é, telefone fixo já
foi alta tecnologia num passado nem tão remoto assim.
No dia 27
de agosto participei do encontro “14º Conversando com a História” e lá estiveram
os pioneiros da hotelaria de Torres. O senhor Mário Raupp e sua filha Clarissa
Raupp, representando o Hotel A Furninha; o senhor João Souza, representando a
gastronomia nos hotéis; O senhor Antônio Pozzi, representando o Hotel Farol; a
senhora Lucila Munari Rezende, representando o Hotel Beira Mar; e o senhor
Danilo Quartieiro, representando o Dunas Hotéis. Foi uma bela aula de história
local, principalmente sobre a vocação da cidade: o turismo. E mais uma vez vi o
descaso dos torrenses com sua história. Poucas pessoas participaram deste
evento, uma pena. Os “hoteleiros” da cidade perderam uma grande oportunidade de
aprender muita coisa com a experiência e o pioneirismo destes antigos
hoteleiros.
Mas,
voltando ao tema telefone fixo. Na conversa com a história alguém lembrou uma
das histórias do Hotel Farol, em que um cliente pediu para um familiar ligar
para o hotel e reservar um apartamento e ele, sem esperar, seguiu viagem. Na
chegada em Torres, ficou sabendo não haver vaga no hotel e tampouco tinha
alguma reserva em seu nome. Ou seja, ele chegou em Torres e sua ligação ainda
não tinha sido completada. Não, não se trata de um carro muito rápido. Contam
que naquele tempo se pedia uma ligação pela manhã e a atendente, chamada de
telefonista, só retornava a ligação a noite, era um dia inteiro para conseguir
fazer uma ligação.
Naquele
tempo o telefone fixo não tinha a agilidade de hoje, não gravava recados (mais
tarde apareceu um outro aparelho que se colocava junto com o telefone e este
sim gravava os recados, que podiam ser ouvidos quando o dono voltasse para
casa), não tinha bina, nem o monte de serviços agregados e cobrados do usuário
atual. Sim, ele servia para se comunicar. Primeiro se falava com alguém do
outro lado da linha para esta pessoa fazer a ligação. Após se aguardava para a
telefonista ligar para você e aí sim “completar” a ligação. Com o tempo a
discagem começou a ser direta, ou seja, você mesmo fazia a sua ligação, sem
intermediação de ninguém!
Os hóspedes
(turistas) de antigamente ficavam um mês no hotel e faziam estas reservas todos
os anos. Os hotéis tinham famílias como clientes que sempre voltavam e isso
garantia verões sempre com lotação máxima nos poucos hotéis que Torres
oferecia. E a comunicação dos hóspedes com seus familiares em outros lugares
era feita através do telefone fixo dos hotéis (os poucos que existiam). Ah! Não
era todo mundo que tinha um. Isso demorou muito para acontecer.
Diferente
de hoje, não!
Esta
semana vi um esquete da turma do “Porta dos fundos”, onde vários amigos
preocupados vão até a casa de um deles supostamente desaparecido: o Raul. Ao
encontrá-lo em casa um dos amigos pergunta o que aconteceu, pois estava
preocupado porque tinha enviado um e-mail há duas horas e não tinha recebido
nenhuma resposta. O assustado Raul diz que tinha ficado longe do computador,
lendo um livro. O amigo argumenta que tentou comunicar-se pelo Face, twitter, whatsapp,
instagram, e nada. Raul diz que deixou o celular desligado. Quem é que deixa um
celular desligado hoje em dia, argumentou outro amigo. E Raul tenta seu último
argumento: Ninguém ligou para o telefone fixo. Todos espantados dizem: Quem é
que hoje usa telefone fixo?
Excêntrico,
é hoje só excêntrico!
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