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sábado, 19 de setembro de 2015

NAUFRÁGIOS

 “A costa do Rio Grande do Sul, em decorrência das freqüentes tempestades, dos bancos de areia e do nível médio do mar, inferior a 20 metros de profundidade, próximo à praia, levaram a batizá-la como o ‘Cemitério dos Navegantes, onde se encontram muitos navios naufragados”.
Conversando com amigos, jovens há mais tempo que eu, fui lembrado do episódio do naufrágio do cargueiro Avahy nos recifes da ilha dos lobos. Recordavam-nos das latas de pêssego em calda, com ou sem caroço (podiam escolher) que aportavam na costa da praia grande. Também se lembraram dos fardos de lãs que para serem aproveitados ficavam dias a secar ao sol. Há, tinha também as latas de azeite que, dizem, sustentaram por anos as fritadas de peixe de muitos torrenses e vizinhos do Passo de Torres.
Eu lembro apenas dos destroços do cargueiro que da praia se via e que com o passar dos anos foi desaparecendo até se despedaçar por completo. Para mim só havia acontecido este naufrágio em Torres. Pois estava enganado, Roberto Venturella, autor do texto acima, em seu livro A história do farol de Torres enumera outros dez naufrágios situados entre Torres e Cidreira até 1963.
Destaca, Venturella, os dois mais recentes: Rebocador São Pedro em 27/6/1946 e o Navio Mercante Avahy em 15/3/1960.
“O navio registrado na capitania de São Francisco do Sul, em SC fora fretado para rebocar duas chatas (embarcação de estrutura resistente sem propulsão, utilizada para transporte) de Rio Grande a Itajaí. Quando navegava entre Tramandaí e Torres, desabou violenta tempestade. Ondas enormes assolaram as três embarcações, fazendo com que as amarras das chatas arrebentassem, ficando a deriva. O comandante Rui Fornier Luz não conseguindo recolhê-las, rumou para Laguna, de onde retornou para iniciar novas buscas. Nesta ocasião, navegando a 15 milhas da costa de Torres, sofreu intenso temporal, desorientando o navio, apesar dos esforços de sua guarnição, que de tudo fizeram para controlar o leme. O rebocador encalhou nas imediações da praia do Paraíso a 18,5 quilômetros de Torres”.
Neste naufrágio duas pessoas morreram o comandante e seu imediato, os outros tripulantes nadaram até a costa onde foram resgatados.
O Avahy, segundo Venturella, cargueiro nacional pertencente à empresa de cabotagem Transmar, navegava de Rio Grande a Santos. Confirmando a informação popular, o navio levava lã, óleo de soja e de linhaça e outras mercadorias. A tripulação foi salva graças aos pescadores da região.

Neste ano o primeiro farol de Torres completaria 100 anos se tivesse resistido ao tempo. Outros três, em 1928, 1952 e 1993 cumpriram o papel de iluminar o caminho dos navegantes pela costa torrense. Assim como a importância dos faróis o trafego de navios não é mais o mesmo de antigamente. Quem sabe seja este o motivo de felizmente não acontecer mais naufrágios.
Lembro estes dois episódios de naufrágio porque fazem parte da memória local.

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