Não é por
falta de assunto que retorno escrever sobre algumas relíquias históricas da
nossa cidade.
Em todo o
mundo, principalmente no velho mundo, o turismo está intimamente ligado com as
relíquias históricas. Ninguém vai para a Europa, por exemplo, e deixa de visitar
pelo menos um museu, algum prédio de valor histórico, alguma praça tombada (e
conservada), ou monumentos erguidos por motivos histórico/culturais. Quem viaja
o faz para conhecer lugares, pessoas, culturas, monumentos, histórias.
Destinos dentro
ou fora do nosso país tendem a oferecer tudo isso e as vezes um pouco mais.
Lembro do
caso da pequena cidade de Verona, na Itália, onde existe a famosa casa da
Julieta (aquela do Romeu). Ela fica próxima à rua mais movimentada da cidade.
Estando no centro de Verona é só andar poucas quadras que se encontra o local,
normalmente atopetado de gente. Entra-se através de uma porta em forma de arco,
passando por um corredor que termina em um jardim interno onde se vê de um
lado, a porta de entrada da casa com a famosa sacada; e do outro lado uma
pequena loja de souvenires. No fundo do jardim, uma estátua de bronze da
Julieta recebe os visitantes, sempre rodeada de pessoas que esperam sua vez de
serem fotografadas com a mão em um de seus seios.
É isso
mesmo! Dizem que os homens (e mulheres) que colocarem a mão nos seios da
Julieta terão sorte no amor. Se é verdade não sei, mas por via das dúvidas, eu
segui o fluxo...
Isso que
eu chamo de saber usar a história em prol do turismo local.
Todo
mundo sabe que nunca existiu uma Julieta e nem um Romeu. A história é um
romance trágico de Wiliam Shakespeare ambientado na cidade de Verona na Itália.
Então se os personagens não existiram, tampouco a casa existiu!
Pois é. Dezenas,
centenas, milhares de pessoas visitam diariamente uma casa que só existe porque
alguém teve a feliz (e rentável) ideia de recriar uma história através da casa
onde supostamente teria morado a figura central do romance de Shakespeare. As
pessoas não pagam para entrar no local (apenas na parte interna da casa), mas pagam para ter as
‘lembrancinhas’ do local. Não pagam pelas fotos ao lado da estátua, mas
retribuem colocando estas mesmas fotos em suas redes sociais, tornando ainda
mais famoso o local e despertando a curiosidade de potenciais turistas.
Sabemos
que não são inteiramente verdadeiras muitas dessas histórias que são contadas
para nós durante as viagens, digamos que a muitas delas tem uma licença
poética. Mas no fundo o que o turista quer é que sua viagem seja rica em
cultura, diversão, lazer e muitas histórias para contar, mesmo que algumas
delas não sejam assim tão verdadeiras.
E o que tem a ver essa história
com Torres e suas relíquias? Tudo.
Os antigos guarda-sóis da SAPT,
por exemplo, poderiam ser utilizados como atrativo turístico na Praia Grande. Cinco
ou dez guarda-sóis poderiam ser recriados, a partir de fotografias antigas, e colocados
nas areias da Praia Grande e utilizados como auxiliares na divulgação da
cidade. Os guarda-sóis, devidamente identificados com o nome de Torres, e se
forem patrocinados, com o nome dos parceiros seriam ótimos para aquela foto à
beira mar da mais bela e cultural praia gaúcha.
Outra relíquia que poderia ser
utilizada é a Guarita Salva-vidas. Restaurada, ela poderia ser utilizada também
para a divulgação da cidade. Com uma pequena contribuição, os turistas poderiam
subir as escadas do mirante e, lá em cima, receber algumas informações sobre o
monumento e até, quem sabe, ouvir histórias sobre o local. E claro, fazer
várias fotos da praia e do mirante.
Os turistas certamente
colocarão essas fotos em suas redes sociais, dando uma boa alavancada na
divulgação da cidade. Parece pouco, mas com pouco investimento resgata-se parte
da história torrense e ainda cria-se dois novos atrativos (embora um já exista)
para a nossa cidade.
Como fazer isso? Através de
projeto bem elaborado e de parceria público privada.
Lá em Verona uma história
fictícia divulgou a cidade para o mundo, e ainda hoje rende frutos com a casa
que nunca existiu.
Aqui, guardadas as devidas
proporções, os famosos Guarda-sóis (hoje desaparecidos) e a Guarita Salva-vidas,
que foram marcas registradas da cidade no passado, podem ajudar a divulgar e
manter Torres na mente dos turistas e veranistas.
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