O envolvimento de Torres com o mar iniciou
desde que os primeiros habitantes por aqui chegaram e ficaram ou passaram.
Mas o envolvimento com o céu, quando será
que começou?
Não, não foi com a chegada dos
primeiros balões.
Sabe-se que o torrense do século passado
se voltou para o céu para observar a chegada de um pequeno avião. Isso
aconteceu quando se comemorava os 100 anos da independência do Brasil, mas o avião
não era brasileiro, ele era chileno!
Em 1922, "...sulcando os ares, no dia
9 de setembro, fez aterrissagem na praia do norte desta vila o aviador chileno
Diego Arocena, portador de uma mensagem do presidente da república Chilena ao
Dr. Epitácio Pessoa."
De acordo com relatos da época, os
"viajores" foram recebidos pelas autoridades da cidade, a banda do
maestro Ramos, e por boa parte dos cerca de 700 habitantes. Eles foram saudados
com "espoucar" de fogos de artifícios e muitos "vivas" ao
som da banda local.
Imaginem a cena há cem anos,
foi um acontecimento!
Tanto foi, que ficou registrado na memória
dos habitantes e assim repassado, através da história oral contada pelo
ex-prefeito Moysés Camillo de Farias ao historiador Guido Muri.
Nestes tempo todo muita coisa
mudou na pacata vila de São Domingos das Torres, mas a paixão pelos ares,
iniciada com aquela visita, permanece viva até hoje.
Hoje os balões, os parapentes, paragliders,
helicópteros e os pequenos aviões disputam com os pássaros os olhares do povo
para os céus da cidade.
E esse olhar para o alto é cada vez mais
frequente.
Diariamente se vê balões colorindo as
nossas manhãs, algo que há duzentos anos nem se imaginaria. Se bem que em 1934,
muitos viram a passagem do famoso Graf Zeppelin por nosso céu em sua viagem
rumo a Buenos Aires.
Mas a principal, pelo menos para os
torrenses de então, e mais ruidosa aparição nos ares foi a do avião chileno.
Conforme relatam os historiadores, a
passagem do avião com seus tripulantes aqui por Torres foi tão significativa
que as autoridades ofereceram uma festa em sua homenagem.
O clube republicano Júlio de Castilhos
deve ter sido o local do baile oferecido aos visitantes. Sem dúvida a banda do
maestro Ramos, embalou aquela noite festiva.
E ao que se sabe até a partida do
aeroplano não foi menos ruidosa.
O tempo e os ventos daquelas época do ano
não eram muito favoráveis a decolagem. Foram várias tentativas frustradas.
A cada dia de tentativa abortada, se fazia
uma noitada de festa. E assim aconteceu até o voo derradeiro. Na verdade esse foi
outro acontecimento.
O bombo da banda do maestro chamou toda a
população para a praia grande e entre rojões e música ... “o pássaro metálico
subiu rugindo e desapareceu na direção de Sombrio, mas não sem antes se despedir-se
da população dando voltas sobre a vila.”
Fonte: Remembranças de Torres de Guido
Muri.
Valeu! Muito legal!!
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